A artista socorrense Elsa Domingues de Farias é muito conhecida pelos seus trabalhos pela Cultura de Socorro, onde mora desde 2003, ao lado do marido e também artista Ulysses Farias e dos três filhos César, Marcos e Lucas. Pedagoga, há dois anos é presidente do ComuC (Conselho Municipal de Cultura), já trabalhou como atriz em três filmes da Beluzzo & Benatti Produções, além de ser contadora de histórias e professora de teatro para crianças. Como poetisa, Elsa teve suas obras escolhidas para a coletânea de Trechos e Livros da Casa de Cultura e da ASES da Literatura, do Rio de Janeiro.
Nas artes plásticas ela sempre usou, já há muito tempo, uma técnica de pontilhismo que faz com esmalte cosmético. Porém, a artista realmente se encontrou quando participou da 1ª Oficina de Arte Naïf de Socorro, no Projeto Cor-Ação, ministrado pela artista plástica Rosângela Politano, durante o Festival de Verão de 2013, participando da mostra da oficina com duas obras, das quais uma foi escolhida pelo júri, para o primeiro lugar: “Espelho Meu”.
“Depois disso, não consegui mais parar de pintar. Realmente, eu me encontrei na arte Naïf, por ser uma arte solta, sem regras, na qual podemos nos sentir livres e felizes”, afirma Elsa, que participou também de outras exposições, uma no Lions Clube e no evento “Cidade Mostra sua Cultura”, juntamente com todos os alunos da oficina.
Além do prazer em continuar trabalhando com arte, tanta dedicação lhe rendeu duas obras selecionadas para a Bienal de Arte Naïf do Brasil 2014, no Sesc de Piracicaba, a famosa “Espelho Meu” e a premiada “Meus Avós”. “Foi uma experiência inigualável… Pela qualidade do júri e do curador, pela eficiência da NU Produções e, principalmente, do Sesc Piracicaba, que valorizou todos os artistas presentes, os acolheram e deram exemplo de como se realiza um bom trabalho, com ótimos resultados”, salienta a artista.
A exposição da Bienal Naïf do Brasil 2014, no Sesc de Piracicaba, vai até o dia 30 de novembro e, além das obras de Elsa, outras foram selecionadas para serem expostas: “Os Sapatos”, de Rosa Taniguchi, “As Enxadas”, de Milena e “O Violão”, de Rosângela Politano.
O prêmio da Bienal rendeu mais frutos para a artista socorrense, que foi convidada por Rafael Piffer, da Fundação São Pedro, de Amparo, para expor seus trabalhos de arte Naïf, juntamente com outros artistas da cidade, e que contou com um grande público.
Agora, não lhe resta outra alternativa a não ser continuar se dedicando a essa arte. Com a parede de sua casa repleta de obras coloridas e cheias de vida, Elsa recebeu inúmeras encomendas, como a de Cristina Genghini, que pediu a reprodução das fotos de seus pais em arte Naïf, e a do senhor Apolônio, do Bairro Rubins, com fotos antigas de seus familiares. “Foi uma enorme satisfação ver todas estas obras prontas e maior ainda a sensação ao ver a reação dos que as receberam e as adoraram. É isso que nos faz sentir vontade de seguir em frente. Foi muito importante participar das oficinas da Rosângela Politano, nas quais nos divertimos muito e trocamos boas energias, e a quem eu agradeço por me apresentar e fazer descobrir o talento que tenho para a arte Naïf. Muito obrigada!”, encerra Elsa.
Arte Naïf – O que é?
O termo arte Naïf aparece no vocabulário artístico, em geral, como sinônimo de arte ingênua, original e/ou instintiva, produzida por autodidatas que não têm formação culta no campo das artes. Nesse sentido, a expressão se confunde, frequentemente, com arte popular, arte primitiva e art brüt, por tentar descrever modos expressivos autênticos, originários da subjetividade e da imaginação criadora de pessoas estranhas à tradição e ao sistema artístico. A pintura Naïf se caracteriza pela ausência das técnicas usuais de representação (uso científico da perspectiva, formas convencionais de composição e de utilização das cores) e pela visão ingênua do mundo. As cores brilhantes e alegres – fora dos padrões usuais -, a simplificação dos elementos decorativos, o gosto pela descrição minuciosa, a visão idealizada da natureza e a presença de elementos do universo onírico são alguns dos traços considerados típicos dessa modalidade artística.