Brasil – A verdadeira Nação do Café: é assim que Giceli defende o café brasileiro, no Canadá  

Leitura obrigatória

GICELI - café okGiceli Maria Guimarães Fleming é socorrense, formada em Análise de Sistemas pela USF – Itatiba; em Matemática e Estatística pela Universidade Federal de Lavras; em Engenharia Ambiental pela UNICAMP; em Gestão e Prevenção Ambiental pelo CEGEP, do Canadá; e com mestrado em Engenharia Ambiental pela Universite de Sherbrooke, do Canadá.

Aproveitando sua viagem a Socorro, ela nos concedeu uma entrevista, para falar um pouco de sua vida no Canadá, onde se tornou uma divulgadora do café brasileiro, de modo especial, do café de Socorro e, por meio de cursos, acabou se especializando na área, para melhor falar sobre o tema pelo qual se apaixonou, como bem diz.

Onde atuou no Brasil?
Fui membro e ativista do Grupo Ecológico Água (GEA) como educadora ambiental, em Socorro; atuei em projetos de geoquímica ambiental pela Unicamp no Vale do Ribeira e, por alguns poucos anos, fui professora de Matemática, Física e Química nas escolas de Socorro, enquanto aguardava a decisão do Ministério de Imigração do Canadá, para obter o visto de residente permanente no país.

Quais motivos a levaram a se mudar do Brasil? Por que a escolha do Canadá?
Durante o meu estudo na Unicamp, em 2004, fui aconselhada pelo meu orientador de curso a aprimorar o inglês, para ingressar no mestrado de Geociências na Unicamp. Decidi, então, passar um tempo em Vancouver, aprendendo inglês e quando voltei ao Brasil, estava determinada a morar no Canadá, pela qualidade de vida, oportunidade profissional, pacifismo e organização desse país que possui duas culturas tão diferentes (inglesa e francesa). Concluí meu curso na Unicamp e, paralelamente, preparei um dossiê pessoal e profissional para enviar ao Governo do Canadá, solicitando autorização para residir no país de forma permanente.  Foram três anos de espera para ter um resultado da análise de meu dossiê e, somente depois, conseguir uma entrevista para demonstrar minhas habilidades profissionais. Valeu o tempo de espera! Meu objetivo foi atingido.

Fale sobre suas primeiras experiências no novo país.
Chegar nesse novo país com 2 filhas, 2 gatos, 4 malas, 4 diplomas, sem saber falar francês e sem nenhuma referência de pessoas, amigos, ou mesmo avalista de crédito, foi realmente um desafio e tanto. Mas a satisfação de ter sido aceita pelo Governo do Canadá para ser uma residente permanente era maior que o meu desafio de adaptação.  Aprendi o francês, fiz mestrado na área ambiental, participei de um projeto de pesquisa na Universidade e trabalhei no Conselho de Meio Ambiente do Governo canadense.

Como e por que se interessou pelo café?
Acho que me senti incomodada ao perceber que as pessoas do Canadá não nos reconhecem como Brasil – A nação do café, e sim a Colômbia, como melhor produtora de cafés.  Eu não achava café brasileiro para comprar e sempre tinha amigos solicitando para eu levar cafés do Brasil. Eu sei que seu cultivo exige práticas ambientais corretas e possui uma complexidade na sua produção, para garantir a qualidade desde o plantio até chegar à xícara do consumidor.  Portanto, decidi conciliar os princípios da minha profissão como Gestora Ambiental e assumir o desafio e o compromisso de divulgar o trabalho e a tradição brasileira (mais de 200 anos) na produção e exportação de cafés. Eu vi, então, a oportunidade de negócios e o prazer de mostrar algo de nobre do Brasil: o café, nosso ouro preto.

Quais foram seus primeiros trabalhos?
Eu fiz um plano de negócios e iniciei uma empresa de importação de produtos brasileiros.  Apresentei meu projeto à Embaixada e Consulado Brasileiros no Canadá e, assim, surgiram os primeiros adeptos ao nosso café.  O trabalho de marketing é muito grande e precisa ser feito de forma constante e sólida.  As pessoas me perguntam se eu vendo café, e eu digo que NÃO. Meu trabalho é trazer a tradição do Brasil na produção de cafés, a informação do cultivo e seus produtores, a qualidade do grão, o cuidado do preparo, os sabores marcantes dessa bebida. Tudo isso vem num pacote de café.  Isso é muito mais que vender café, pois exige dedicação, conhecimento, paixão, aprimoramento e pesquisa constante sobre cafés. O meu objetivo é ter conhecimento para ser uma referência e uma autoridade em cafés, no Canadá, especialmente sobre os de qualidade superior, do Brasil.

Você fez cursos na área? Foi difícil?
Quando se quer atingir a excelência em alguma coisa, o estudo e a disciplina são fundamentais.  Por isso, eu estudo constantemente, faço cursos de degustação, de classificação de café, cursos de torra e blends, leitura de teses universitárias sobre cafés etc. Ainda quero fazer muito mais.  A dificuldade existe, pois começar algo num país de cultura diferente exige tempo, dedicação, disciplina e visão de onde se quer chegar. Mas, quando se faz o que se gosta, a dificuldade é sempre menor. Este é o meu caso.  O cultivo do café e todo o processo até chegar à bebida de qualidade é algo que me encanta.  O estudo é uma necessidade divertida e enriquecedora. Divulgar a tradição do Brasil na produção de cafés, as histórias dos agricultores e os resultados de seus processos produtivos é o meu prazer. Vender o café é a consequência disso tudo.

Quais os projetos em que atua, agora?
Neste ano de 2016, estou divulgando, no Canadá, os cafés especiais e seus produtores de Socorro e de outros locais de Minas. Também estou desenvolvendo café moído e café em cápsulas, em parceria com empresas de Socorro e região, e atuando como intermediadora em processos de exportação para a Tunísia, Turquia e Iraque. São países que buscam café solúvel, leite em pó e frutas em pó.  No ano de 2017, espero trazer para Socorro 10 estudantes da Universidade do Canadá, para uma experiência prática com o café. Eles passarão três semanas com cafeicultores, aprendendo mais sobre o cultivo, os sabores do café e as exigências dessa cultura. Estaremos, então, criando agentes multiplicadores do nosso trabalho e de nossa tradição como Brasil – A verdadeira Nação do café.

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