Das famosas Telas Jamelli nasce um rico acervo cultural

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Ao fazer esta reportagem, fomos recebidos na residência de Roberto Jamelli e sua esposa Claudia Barghini Jamelli, numa sala lindamente enfeitada por pelo menos duas dezenas de papais-noéis cantores, pianistas, violinista etc., que devem fazer a alegria das filhas Roberta e Rita de Cássia, e dos netos Luiz Felipe e Ana Carolina.

Nas paredes, muitos quadros, alguns pintados pela esposa Claudia, outros doados por artistas famosos que faziam uso das famosas telas Jamelli, as mais conhecidas do Brasil artístico.

Para falar disso, Roberto recorda-se de como tudo começou. O pai Luiz e os tios Henrique e Dionésio foram trabalhar em São Paulo, na loja de tintas Casa Helios, da família Feres. Foi nesse trabalho que brilhou o espírito empreendedor dos irmãos Jamelli: eles perceberam que as telas, muito procuradas pelos artistas plásticos, eram todas importadas. No Brasil não eram fabricadas com a qualidade exigida e necessária, em algodão puro e cru.

Foi assim que, em 1947, os irmãos se uniram e resolveram investir, abrindo a “fábrica” no fundo do quintal onde moravam. Tudo era feito por eles: a moldura de madeira, teciam o pano de algodão cru, davam banho de cola para “matar” os poros (no avesso) e preparavam a tinta com vários produtos, para impermeabilizar a frente das telas.

Em 1950, registraram a empresa e o crescimento foi enorme, chegando a ter 80 funcionários. A Irmãos Jamelli tornou-se a mais famosa fabricantes de telas do Brasil, que também eram exportadas para vários países.

Ainda crianças, Roberto e os primos já ajudavam os pais. A família chegou a trazer a empresa para Socorro, onde ficou por 6 anos, mas por questão de logística, acabou voltando a São Paulo.

E foi vendendo as telas a pintores famosos, como Salvador Rodrigues, Di Pretti, Moisés, Ademir Martins, Armando Cedin, Blanco y Couto, entre outros, além dos artistas socorrenses como Mariles Corsi, Lucy Orlandi, Eliane Mazolini, Cleudiomar, Zé Benedito etc., que Roberto e Claudia começaram a formar uma grande galeria de arte, em sua casa da cidade, na chácara e na casa dos filhos, com telas presenteadas por esses artistas.

O casal prestigiou incontáveis vernissages, e Roberto conta que, de modo especial, lembra-se de exposições de artistas do exército, em que os pintores militares davam vida a flores, paisagens, mar, céu, natureza morta, em nada retratando qualquer vestígio da violência com a qual conviviam no dia a dia.

Hoje, aposentado – a empresa foi encerrada em 2003 -, está tranquilo, “fazendo arte” na chácara, cuidando das plantas, do lago de peixes, paparicando os netos e, olhando os quadros, vai remexendo a saudade de um tempo rico de cultura, que guarda carinhosamente no coração e nas lembranças que compartilha com a esposa e filhos. Curtindo, ainda, o hobby dos HO-HO-HO dos papais-noéis, nesta época festiva de Natal. Feliz Ano Novo!

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