Neste sábado, dia 25 de janeiro, será comemorado o Dia do Carteiro, profissão que, mesmo com a chegada de tecnologias no que diz respeito à comunicação, só tende a crescer ainda mais.
A agência do Correios de Socorro possui 17 funcionários, sendo que seis trabalham no atendimento e onze são responsáveis pela distribuição de cerca de 6.570 correspondências em toda a cidade, ou seja, mais de 140 mil cartas, durante o mês.
Dos 11 carteiros que temos na cidade, três são mulheres, as três “Marias”, e uma delas é a Maria Aparecida Sacco Lugli que, hoje, dia 24, celebra um ano na profissão. “Entrei no Correios por meio de concurso. Fui chamada para trabalhar em Águas de Lindóia, onde permaneci por algum tempo e depois troquei, com um carteiro de lá, que trabalhava aqui”, diz ela.
Maria conta que sua rotina começa junto com seus colegas, na separação das correspondências por setor e, posteriormente, por ruas. “A cada seis meses a gente muda de setor, para que possamos conhecer mais a cidade. Uma das coisas que descobri, neste primeiro ano de trabalho é que, mesmo morando a minha vida inteira em Socorro, não conheço nada. A cada setor por onde passamos são novos lugares, novas pessoas e novos desafios”, salienta a profissional.
Outro entrevistado foi um dos mais antigos profissionais do Correios de Socorro. Há 21 anos na agência, Natalino Franco Ferreira conta que a vaga foi conquistada também por meio de concurso público, disputado com outros 21 mil candidatos.
“Decidi prestar o concurso por tudo que ouvia da empresa, do salário e benefícios que oferece aos seus funcionários. Nesses 21 anos de Correios não tenho o que reclamar. Tudo é relativo com o que sabemos fazer; terminei a escola e não fiz faculdade e esta foi a oportunidade que vi para dar o melhor de mim”, ressalta o carteiro que, além de separar as correspondências e distribuí-las, ainda faz a reserva do carro e substituição de supervisor. “Já fiz e ainda faço de tudo. Inclusive trabalhei com vendas, no caixa, mas, no fundo, sempre gostei de trabalhar na rua e posso dizer que conheço todos os setores pelos quais passamos”, completa.
Com relação à chegada da tecnologia, Natalino confirma que a profissão não acabará, pois, por mais que a internet permita a quebra de barreiras, o envio e recebimento de mensagens com maior agilidade, as pessoas não abrem mão do papel. “Além disso, nem todas as pessoas têm acesso à internet e, embora as encomendas tenham aumentado, visto a tendência das compras feitas pela internet, o número de correspondências não diminuiu. Isto é um reflexo do crescimento de nossa cidade, do aumento dos bairros que, antigamente contavam apenas com meia dúzia de casa e hoje, estão completamente lotados. A tendência é crescer mais, temos diversos pedidos para expandir a entrega, portanto, caso haja esta expansão, será preciso aumentar o número de setores e, com isso, aumentar a mão de obra”, ressalta ele.
Desvalorizados
Ao mesmo tempo em que a profissão de carteiro, visto por poucos, como essencial, muitas pessoas não dão valor a estes profissionais e dificultam o seu trabalho.
Entre os desafios encontrados por eles estão a falta de numeração nas casas, a falta de uma caixa de correspondência, os cachorros e a falta de bom senso de alguns moradores.
“Tem gente que, mesmo tendo a caixa de correspondência, faz questão de colocar o lixo todo em cima dela e isto complica muito a nossa situação, pois em dias de chuvas não temos onde deixar a correspondência e, se jogamos no chão, ela molha e somos xingados por eles. A mesma coisa com aqueles que não têm a caixa que é barata e também pode ser até feita com material reciclável. O serviço é extenso e não temos tempo para ficar procurando lugar onde deixar a carta ou então procurar a casa certa, no caso das residências sem numeração”, afirma Natalino.
Outro problema são os cachorros que não deixam o carteiro chegar perto da casa e vão para cima dele. “Já vi morador vendo o cachorro vindo para cima da gente e não fazer nada, além de ficar olhando. Outros já respeitam, já sabem o horário que vamos passar e deixam o cachorro dentro de casa”, diz Maria.
“Há, também, aquelas pessoas que tratam dos animais de rua, deixando comida e água na porta de casa. Não sou contra isso, mas o cachorro entende que la é território dele e também não nos deixa trabalhar. E não somo apenas nós, como também a Sabesp, CPFL, coletores de lixo etc.”, completa Natalino, que também cita os prédios sem interfone, sem zelador, o que impossibilita a entrega das cartas em apartamentos.
“Acredito que todos que estão aqui, como eu, gostam do que fazem, porém, sentimos falta de ser valorizados pela população. Só pedimos que a população fique mais atenta a estas barreiras que nos impedem de trabalhar, pois temos ruas que, por causa destes problemas, saíram do roteiro e não queremos isso. Todos os moradores acabam sendo prejudicados por causa de um. Faça sol, ou faça chuva, nós estaremos nas ruas, fazendo o nosso serviço, então, só queremos um pouco de colaboração”, finaliza o carteiro.