Hoje: Terra Santa  

Nesta semana vamos falar do oitavo dia da viagem de peregrinação que um grupo de socorrenses fez a Israel e Itália, conhecendo os lugares sagrados. Quem nos fala sobre essa experiência no último dia na Terra Santa, é Maria Jurema Ferraz do Carmo Calafiori, que afirma: “A peregrinação à Terra Santa foi, para mim, a realização de um sonho acalentado há muito tempo. E foi nela que aprendi que peregrinar é viajar com o coração, é descobrir novas culturas, é um jeito completamente diferente de ver o mundo, é fortalecer nossa fé, é caminhar…”

Fale, Jurema!

Para mim, esta foi uma viagem inesquecível, emocionante, fascinante. A Terra Santa hoje se situa no território de Israel e parte na Cisjordânia, onde Governo e população estão sempre preocupados com a própria segurança e com seus pontos turísticos, alvos de constante vigilância. Quantos lugares lindos, repletos de história, tivemos o privilégio de visitar!

Lugares como o Monte das Oliveiras. Numa tarde linda, de onde avistamos a Cidade Velha, com seus cemitérios em primeiro plano, suas muralhas, seus campanários e minaretes, banhados de sol. Foi do seu topo que Jesus subiu aos céus, desaparecendo nas nuvens (Ato dos Apóstolos). Lá está, também, a Capela da Ascenção, um pequenino templo octogonal bizantino, escondido entre o comércio e as moradias árabes atuais.

Alguns metros adiante, fica a Igreja do Pater Noster, com paredes de azulejos coloridos, onde pudemos ver nossa principal oração cristã escrita em 240 idiomas diferentes. Mais abaixo fica a Igreja de Dominus Flevit (a Lágrima de Cristo), onde Jesus chorou sobre Jerusalém. Quanta emoção!

Quase aos pés do monte encontra-se o Jardim do Getsêmane, cenário da traição sofrida por Jesus. Nesse local ergue-se, hoje, a Igreja de Todas as Nações, com a Rocha da Agonia de Jesus. “Tomado de angústia, ele rezava mais instantemente e o seu suor se tornou como coágulos de sangue que caiam por terra” (Lc 22,44). Em um jardim adjacente, pequeno, modesto, vimos oliveiras de mais de 2000 anos, exibindo brotos no meio de galhos retorcidos. Incrível! Numa gruta vizinha, a Gruta da Traição, na qual Jesus foi delatado por Judas e preso.

Foi nessas terras que os passos de Jesus enveredaram com milagres, curas, ensinamentos desconcertantes, muita misericórdia, muito amor. E foi na Gruta da Traição que Ele iniciou sua última jornada, seus últimos passos na Terra Santa, Sua via dolorosa.

Para mim, foi marcante participar da Via Sacra, na Cidade Velha na região da Judéia, nos mesmos lugares por onde Jesus passou, lugar onde senti claramente a energia diferente que ele me transmitiu! Simbolicamente, nós, peregrinos, levamos uma pequena cruz, trocada a cada estação da Via Sacra. Atualmente, estas ruas são de pedra, há pequenas mesquitas, igrejas, cafés, muitas lojinhas árabes expondo suas mercadorias: véus, calçados, quadros, xales, incensos, velas… Uma infinidade de coisas!

A Via Sacra possui 14 estações: a primeira inicia-se na Fortaleza Antonia (pretório) onde Jesus é condenado à morte. Por ironia, hoje esse lugar abriga uma escola muçulmana: crianças brincam, sorriem, posam para fotos; II Estação: Jesus recebe a cruz e a coroa de espinhos. Hoje, há capelas nesse lugar; III Estação: Jesus cai pela primeira vez sob o peso da cruz; IV Estação: momento tocante para Jesus. Seus olhos encontram os olhos de Sua mãe, Maria; V Estação: Jesus recebe a ajuda de Simão de Cirene. Casualidade ou não, o caminho, antes reto, começa a se tornar íngreme; VI Estação: apiedando-se do condenado, uma mulher, Verônica, enxuga o sangue e o pó do rosto de Jesus. A mim coube levar a cruz da VI à VII Estação, repleta de significados. Hoje existem, nesse lugar, duas capelas interligadas por uma antiga escadaria, bem no coração da cidade de Jerusalém. Continuamos a caminhada até a IX Estação, cuja saída principal é defronte à Basílica do Santo Sepulcro. No interior dessa Basílica localizam-se as 5 últimas estações da Via Sacra. Uma Basílica maravilhosa, no local onde sucederam tantos acontecimentos marcantes: soldados romanos, encarregados da crucificação de Jesus (X Estação); Jesus pregado na cruz (XI Estação), local onde a cruz foi erguida, a Rocha do Gólgota, que pode ser tocada pelos fieis (XII Estação); uma rocha rosa, bem defronte à entrada da Basílica, a Pedra da Unção, onde colocaram o corpo de Jesus quando retirado da cruz (XIII Estação) e a XIV Estação, onde está o Santo Sepulcro propriamente dito, sob um altar que os ortodoxos gregos, responsáveis por sua custódia, por séculos, acreditaram ser o centro do mundo. É um lugar pequeno, comportando no máximo 2 fieis de cada vez, no seu interior. Só Deus sabe como eles entram nesse lugar sagrado: com quantas dores, esperanças, alegrias

Encerrando a Via Sacra, o padre Vicente celebrou uma emocionante missa na Basílica do Santo Sepulcro, na qual eu tive o privilégio de auxiliar e, em seguida, visitamos o último lugar na Terra Santa: as ruínas do Caminho de Emaus, que nos remete ao capítulo 24 do Evangelho de Lucas, no qual Jesus se revela aos discípulos, ressuscitado, dando-nos força para sermos fieis em comunhão com Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo.

Nesses lugares deixei muito da minha energia, emoções, superação de limites, alegrias, lágrimas, agradecimentos. Mas, em compensação trouxe em meu coração o sopro divino de Deus, recebendo d’Ele sentimentos profundos de fé renovada, fortalecida.

Se você puder, visite a Terra Santa, participe da Via Sacra, conheça a beleza de Israel, a encantadora Jerusalém. Com certeza, voltará emocionado (a), com a fé revigorada.

Conheça, porque o essencial fica na memória. Sempre! Como ficará na minha, essa peregrinação fascinante.