Hoje: Transamazônica e Rodovia Fantasma

Leitura obrigatória

 

A Rodovia Transamazônica (BR-230) é a terceira maior rodovia do Brasil, com 4.223 km de comprimento, cortando sete estados brasileiros: Paraíba, Ceará, Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará e Amazonas. É classificada como rodovia transversal. Em grande parte, principalmente no Pará e no Amazonas, a rodovia não é pavimentada.

Planejada para integrar melhor o Norte brasileiro com o resto do país, foi inaugurada em 27 de agosto de 1972. Inicialmente projetada para ser uma rodovia pavimentada, com 8 mil quilômetros de comprimento, conectando as regiões Norte e Nordeste do Brasil com o Peru e o Equador, sofreu poucas modificações, desde sua inauguração. Por não ser pavimentada, o trânsito na Rodovia Transamazônica é impraticável nas épocas de chuva (entre outubro e março). O desmatamento em áreas próximas à rodovia é um sério problema.

Já a BR – 319, conhecida como Rodovia Fantasma, é uma rodovia federal diagonal (Norte-Sul) brasileira, que liga as cidades de Porto Velho a Manaus, na Região Norte do Brasil. Sua extensão é de 880,4 km, dos quais 859,5 no Amazonas, e 20,9 em Rondônia.

Foi inaugurada em 1973, durante o regime militar brasileiro, dentro do contexto de colonização da Amazônia. Segundo algumas fontes, a obra foi feita às pressas, sem uma fundação de cascalho sob o asfalto. Alguns anos depois a rodovia se tornou intransponível, na prática.

Este trecho é considerado o mais desafiador da viagem, pois quase não tem trânsito e as pontes são muito precárias. São cerca de 580 km entre Careiro Castanho e Humaitá, de estradas péssimas, intercalando asfalto abandonado há 30 anos com buracos e atoleiros, onde há apenas as torres de repetição da Embratel e é possível montar acampamento e dormir, caso seja necessário.

Com o objetivo de conhecer a cultura, os costumes e como vivem as populações ribeirinhas dessas regiões, e fazendo todo o percurso em cima de uma moto, o dentista David Zuccato percorreu o caminho e conta como foi a aventura.

Fale, David!

A viagem pela Transamazônica – Br 230 e pela Rodovia Fantasma – Br 319 começou a ser planejada há exatamente 1 ano e, para isso, eu precisava de um parceiro que realmente suportasse todas as situações pelas quais passaríamos: por alguns perrengues, por lugares em condições precárias e por  tudo que se possa imaginar, inclusive falta d’água. Sendo assim, convidei meu amigo Celso, mais conhecido por Miquim, que já é companheiro de trilhas há muito tempo; foi uma escolha fantástica e agradeço muito a ele pela paciência e companheirismo que sempre demonstrou, nesses anos.

Saímos de Socorro/SP em direção a Marabá-PA (2.300 km) por asfalto, e por onde entraríamos na Br-230 e começaria nossa aventura, por terra. De lá, seguimos até Novo Repartimento-Anapú-Altamira-Madicilândia-Placas-Rurópolis-Humaitá. Depois de Humaitá entramos na Br-319, mais conhecida como Rodovia Fantasma, pois, mesmo sendo uma rodovia federal, na maioria dos lugares só passam moto e cavalo. São 640 km até Manaus, com 400 deles desabitados, e  onde qualquer problema pode se transformar em uma grande dor de cabeça. Uma trilha em linha reta, na qual você não consegue andar mais do que 30 km/h.

Em Manaus, pegamos um barco, no qual ficamos por 2 dias, pelo Rio Amazonas, até a cidade de Santarém-PA, onde conhecemos Alter do Chão-PA, conhecida como a praia de água doce mais bela do mundo, e realmente é, vale a pena conhecer esse lugar. Em Cuiabá-MT conhecemos a Chapada dos Guimarães, lugar mágico e muito lindo, também

Ao todo, foram 6.000 km de asfalto- 4.000 km de Terra/trilha- 2 dias de Barco e atravessamos 8 Balsas – Rio Xingu – Rio Tapajós – Rio Araguaia – Rio Negro – Rio Solimões e Rio Amazonas

Situação mais marcante

Foi a primeira vez que caí da moto! Estava a 80 km/h e caí em uma poaca (buraco formado pela chuva, que fica cheio de poeira, no verão) e, quando vi, estava há uns 4 metros da moto e a primeira coisa que fiz foi sair gatinhando para fora da estrada, pois  é muita poeira e muitos caminhões que podem, facilmente, passar por cima de você, e não vê. Um senhor com uns 70 anos de idade parou o carro, me ajudou a erguer a moto e me perguntou se eu tinha um minuto de atenção para ele. Eu disse que sim, e ele me falou: “Meu filho, você tem que andar devagar por aqui, tem que respeitar este lugar. Ou você faz isso por amor ou vai ser pela dor, vai se machucar cada vez mais”.

Nesse momento, eu já estava com 2 dentes quebrados e escutei o sábio que me ajudou.

Lugares que mais marcaram

Em Anapú conhecemos o Santuário da Irmã Doroty, assassinada por defender a natureza. Em Humaitá, passamos por uma aldeia de indígenas, onde os índios cobravam pedágio, na BR-230, e foram proibidos de fazer isso, pela prefeitura local; por esse motivo assassinaram um professor e dois pesquisadores, e os enterraram em pé… A população local, em revolta, ateou fogo em toda aldeia, que abriga cerca de 1.000 índios… O Exército estava fazendo a escolta de ônibus escolares e da população, para atravessar esses 50 km de Rodovia que pertencem aos índios… Lugar tenso, mesmo!

Na travessia de barco de Manaus-AM para Santarém-PA, você não consegue ver as margens do Rio Amazonas, até parece um mar.

A beleza de Alter do Chão, como já disse, enfim, todos os lugares, nos presentearam com suas belezas locais.

O que trouxeram na bagagem

Muitas coisas boas, mas, a principal, é a simplicidade, acima de tudo, e é o que vale nesta vida. Lá é um lugar onde você depende de todos, a qualquer momento e se não tiver humildade, não consegue nada, se não tiver respeito com o próximo, não chega a lugar nenhum. Pudemos ver que tem muita gente boa, que nos ajudou muito, em várias situações, como conserto de moto e até dando um copo de água.

Depois desta aventura já temos outras viagem em mente, como Monte Roraima, Ushuaia, África etc.

Por fim, agradeço a Deus por mais esta oportunidade e à minha esposa Mara que, como sempre, cuida de nossos filhos, durante minhas viagens de moto.

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