Ouviram do Ipiranga às margens plácidas, assim se inicia o hino nacional brasileiro, a letra escrita por Joaquim Osório Duque Estrada, ilustra o momento mais importante da nossa gloriosa história. Um membro da família imperial portuguesa rompe com os grilhões que nos prendiam à metrópole mãe, depois de uma longa trajetória de exploração colonial, o Brasil pode respirar os ares de liberdade.
O dia 7 de setembro de 1822, marca o início da nossa independência política, o jovem D. Pedro, desafia sua pátria de origem para libertar o povo que ele aprendeu a amar. O monarca que nasceu em 1798, passou a maior parte de sua vida em terras brasileiras e, aos 24 anos, recaiu sobre os seus ombros a responsabilidade de pôr pontos finais há três séculos de exploração colonial.
No século XIX, o continente americano foi tomado por movimentos emancipacionistas, ideias iluministas serviram de combustível ideológico, de norte a sul, antigas colônias europeias lutaram e sonharam com a liberdade. A crise do sistema colonial colocou em xeque o domínio europeu e lideranças políticas emergiram por toda parte clamando o povo a se engajar nas lutas de libertação.
Nos Estados Unidos, no Haiti e na América do sul de origem hispânica, movimentos armados promoveram revoluções que resultaram nos processos de independência por todo continente. O processo de libertação do Brasil é peculiar e guarda grandes diferenças em relação aos nossos vizinhos.
No Brasil a ideia de rompimento com Portugal se inicia em 1808 com a chegada da família imperial portuguesa a colônia. Fugindo das Guerras Napoleônicas e das proibições do bloqueio continental, D. João VI e sua corte buscam refúgio no Rio de janeiro, capital da colônia na época. Como primeira medida, D. João VI, decreta a abertura dos portos às nações amigas, permitindo a colônia comercializar livremente com outros povos, sem restrições metropolitanas.
A quebra do pacto colonial, despertou nos habitantes da colônia o gostinho da liberdade comercial, a tentativa de restituir os monopólios no futuro com toda certeza despertaria a fúria dos colonos. Durante o exílio da família imperial no Brasil, diversas melhorias foram promovidas pelo príncipe regente. A biblioteca real, o jardim botânico, a imprensa régia, um teatro e até mesmo uma academia de belas-artes, serviram para dar ao Rio de janeiro uma feição europeizada. Em 1815, Napoleão Bonaparte é derrotado e preso, a família real portuguesa poderia retornar em segurança ao continente europeu, D. João VI, resolve estender sua estadia em terras cariocas e ainda eleva o Brasil ao status de reino unido a Portugal e Algarves.
Os ares de mudança atingiram Portugal em 1820, a burguesia da cidade do Porto deu início a um movimento liberal que resultou em uma nova constituição que limitou os poderes da monarquia. D. João VI foi avisado das mudanças em curso em seu país e programa o retorno da corte portuguesa à Europa em 1821.
O herdeiro do trono português, D. Pedro, foi deixado no Brasil como estratégia política, a corte temia a convulsão social que tomava conta de Portugal. A permanência do monarca em terras brasileiras era uma clara tentativa de impedir a nossa recolonização por parte da burguesia do Porto, algumas fontes afirmam que o próprio D. João teria aconselhado o filho a libertar o Brasil dependendo do que viesse a acontecer no retorno da corte à Europa.
O ano de 1821 foi marcado por inúmeras pressões oriundas da metrópole para que o príncipe herdeiro de Portugal retornasse a Europa para ocupar o seu posto, D. Pedro I se mostrou indiferente aos apelos vindos da “terrinha”. Ele sabia que lá não teria o prestígio e o poder que teria por essas bandas, libertar o Brasil abriria a possibilidade de governar um vasto e rico território.
No dia 9 de janeiro de 1822, depois de muita gritaria e ameaças por parte de poderosos políticos lusitanos, o jovem monarca D. Pedro, influenciado pelas ideias de José Bonifácio de Andrade e Silva, decide ficar no Brasil e lutar por nossa independência.
“Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico.”
O Dia do Fico, como ficou conhecido, marca o início da nossa saga pela liberdade, a elite colonial esperava uma independência pacífica e ordeira, sem os excessos que foram cometidos em países vizinhos. Uma emancipação política sob o comando D. Pedro era a garantia de que o processo não descambaria para a violência, existia o medo da fragmentação territorial e naquele momento muitos escravistas temiam pela perda de seus escravos.
No dia 7 de setembro de 1822, às margens plácidas do rio Ipiranga, o jovem monarca proclama a independência do Brasil, séculos de dominação metropolitana foram sepultados, uma nova nação nascia ao brado de um grito libertador. Em algumas regiões, combates foram travados, alguns portugueses residentes no Brasil tentaram por conta própria sabotar o nosso processo de libertação. Aos 24 anos, D. Pedro I foi aclamado imperador do Brasil e o principal artífice do novo Estado nacional que se iniciara. Passados 200 anos do ato histórico mais importante de nossa trajetória, o nosso povo ainda luta e trabalha por dias de justiça e glória para todos os brasileiros.
Viva ao Brasil!
Viva ao Povo Brasileiro!
*Hilário Xavier é Prof de História e de Atualidades do Colégio SOS – Objetivo