As “Meninas do Nhanduti”, responsáveis por manter esta arte viva em Socorro, comunicam que há vagas para o curso de 2019. São aulas e oficinas gratuitas, que acontecem toda segunda-feira, no Espaço do Artesanato (Centro de Exposições João Orlandi Pagliusi), das 14h às 17h. O curso tem duração de aproximadamente três meses e envolve criatividade e raciocínio. Lembrando que ainda não há data para o início do curso, pois a Prefeitura precisa viabilizar o projeto.
O grupo “Meninas do Nhanduti” nasceu há quatro anos, fruto da amizade e do gosto comum por esse tipo de artesanato, e atualmente, reúne cerca de 15 participantes, algumas até vindas de outras cidades. Nos encontros, além de muita arte, as “garotas”, senhoras acima de 50 anos, aproveitam para tomar um café da tarde caprichado e colocar o papo em dia. Para quem se interessou, basta comparecer em uma das reuniões. Tanto talento rendeu até entrevistas em programas de TV, como o “Kombina”, da TV Aparecida e duas vezes foram matéria da EPTV; além das participações em eventos, a exemplo do Revelando São Paulo.
“Não fazemos só toalhinha, estamos inovando, pesquisando novos materiais e novas aplicações”, revela Rita Regina Aranda de Almeida, presente na entrevista. “A vantagem é que formamos esses laços de amizade”, completa sua colega, Ana Lucia Denk.
Nhanduti significa “teia de aranha” em guarani. Reza a lenda indígena que uma índia, prestes a se casar com seu amado sofre com a morte do mesmo na noite do casamento. A jovem viúva então chora sobre o corpo do marido e percebe, no dia seguinte, que uma espécie de teia se formou sobre o corpo. Então ela tece a primeira linha de Nhanduti.
A técnica chegou ao Brasil no final da guerra do Paraguai, quando as mulheres de combatentes (integrantes da tribo guarani que viviam no país vizinho) vieram para o país. Em Socorro, o Nhanduti começou a ser praticado em 1940, por Rosalina Vita (Rosinha) e posteriormente pela sua filha, Gladys Vita, falecida reetemente, mas desfruta de grande admiração do grupo das “Meninas”.
Grupo luta para resgatar o passado do Nhanduti na cidade
Para não deixar essa cultura morrer em Socorro, as “Meninas do Nhanduti” fazem um trabalho de resgate da história: procuram as famílias de pessoas que praticavam a atividade em épocas passadas e tentam, por meio de relatos ou fotos reviver a arte em Socorro. Mas reclamam, pois, muitas famílias, após a morte das senhoras que faziam o Nhanduti acabam jogando fora tudo o que pertencia a pessoa. O Nhanduti perdeu sua força com a chegada das malharias na cidade e agora toma fôlego para continuar.
Geni Aparecida Ferreira Machado, de 73 anos é a “mãe-chefa” do grupo, assim chamada pelas demais integrantes. Ela conta que começou a praticar a técnica aos dez anos de idade, com uma tia. Retornou ao Nhanduti aos 60 anos, quando achou os bastidores – instrumento para fazer o Nhanduti e entre 2008 e 2010 ministrou cursos na área. Em 2014, foi convidada por Luka Fagundes para ir ao Espaço do Artesanato. “Tem dias que as meninas me dão trabalho”, brinca Geni com ar de ‘mãe’.
A história de Lidia Muciacito Franscisconi também é parecida. Hoje, com 62 anos, ela se orgulha do passado, quando aprendeu a arte aos dez anos de idade, com sua mãe. Voltou ao Nhanduti há 11 anos.
Encantada pela beleza do Nhanduti, depois de assistir uma reportagem na TV das “Meninas”, antes de entrar no grupo, foi o que motivou Ana Lucia Denk, de 59 anos a ir ao curso. Ela comenta da importância dos socorrenses conhecer essa arte. Finaliza dizendo que as mãos mandam nela quando está trabalhando no Nhanduti.
Natural de São Bernardo do Campo, Rita Regina Aranda de Almeida, tem 58 anos e há quatro reside em Socorro. Conheceu o Nhanduti por meio de uma amiga. Ela elogia o curso, pois a interação que lá existe é muito boa e reconhece que Socorro tem que ter o Nhanduti como carro-chefe, pois não conhece um material tão bom como o feito pelas artesãs de nossa cidade.
São 81 anos de pura simpatia: Maria Verônica Alves dos Santos, roubou a cena ao mostrar vitalidade e talento para o Nhanduti, artesanato que pratica depois de ler uma matéria do nosso jornal, a qual fazia o convite para o curso gratuito. Desde então, não parou mais.