Nossa história emocional e mental, e a maneira de lidarmos com ela, interferem na manutenção de nossa saúde, em geral. Atualmente, cientistas especializados em psiconeuroimunologia sustentam que um estado psicológico negativo ataca o sistema imunológico, por meio de toxinas produzidas internamente, por emoções destrutivas, como raiva contida, medo, desesperança e, principalmente, pelo estresse.
Diante dessa lógica, muitas vezes estamos criando um ambiente psicológico interno propício ao desenvolvimento de doenças e, de modo especial, do câncer.
A psicóloga e equoterapeuta Maria Giselle A. Gonçalez vai falar da importância de nossa dimensão emocional, e algumas atitudes que podem influenciar na redução de riscos e proporcionar melhores condições à nossa saúde.
O ser humano não foi preparado para lidar com situações de estresse e tensão, de forma constante, em sua evolução. Quando primitivo, ao se deparar com uma ameaça, o homem enfrentava (matando, quando um animal perigoso) ou fugia e, depois, quando voltava para a caverna, recompunha o equilíbrio orgânico e emocional.
Hoje, essa pausa tão necessária para a sobrevivência humana quase não é vivida pelas pessoas, pois vivemos a maior parte do tempo correndo contra o tempo e com muitas preocupações que perturbam a nossa saúde emocional. Todos os dias acontecem coisas que fazem nossas emoções dispararem, como perda, trauma, fracasso, falhas, frustração, medo, decepção… Essas emoções são experimentadas como sofrimento emocional, em todos os tipos de formas, como tristeza, ansiedade, vícios, obsessões improdutivas, compulsões indesejadas, comportamentos recorrentes de autossabotagem, aborrecimento, assim como todos os tipos de raiva ou humor diminuído e, principalmente, doenças físicas, incluindo o câncer.
O que pode ajudar a diminuir e ter uma saúde emocional mais adequada?
Medicações podem ajudar, mas a mudança deve começar por nós, nos nossos pensamentos. Seguem algumas dicas que podem ser úteis para uma vida emocional mais saudável!
Seja você mesmo – Seja fiel a você mesmo! Para isso, você deve se conhecer, estabelecer seus objetivos, seus valores, sonhos e perspectiva de futuro. Quando investimos no autoconhecimento, quando sabemos quem queremos ser, como agir e o que sentir, nós ficamos mais capacitados para nos orientarmos pelos caminhos mais tortuosos da vida.
Invente a si mesmo – Há momentos que a nossa vida toma um rumo que não desejamos, ou que alguns dos nossos comportamentos nos prejudicam. Nesses momentos, é importante que tomemos consciência de que algumas das nossas decisões contribuíram para o estado em que nos encontramos. Apesar de toda a dor emocional, algo maior emerge: a possibilidade de fazermos algo de forma diferente, no sentido de ir ao encontro do rumo que queremos que a nossa vida tome.
Amar e ser amado – O nosso desenvolvimento e crescimento beneficiam enormemente do contato físico, do afeto, da interação. Somos seres que vivemos em sociedade, criando laços, sintonias, cumplicidades, revestidos de emoção. Sentimo-nos mais felizes, mais confortáveis e melhor, vivemos mais tempo e damos mais significado à vida, se amamos e nos deixamos ser amados, e isso favorece a nossa saúde como um todo.
Ganhar controle sobre a sua mente – Muitas vezes, os acontecimentos que nos geram sofrimento não podem ser evitados, mas podemos impedir que nos causem extrema dor emocional. O sofrimento emocional é fruto daquilo que pensamos, das nossas crenças e expectativas. Devemos identificar os pensamentos que nos fazem sofrer (pensamentos pessimistas, negativos, exigências consigo mesmo e com os outros) e substituí-los por pensamentos úteis e saudáveis. Não devemos deixar a realidade de lado, mas, sim, ter pensamentos mais positivos com relação a nós mesmos e à vida.
Deixe o passado doloroso no passado – Devemos forçar-nos a seguir em frente. Se você percebe que algumas coisas, pessoas ou acontecimentos são gatilhos que fazem disparar memórias dolorosas, você deve dar-lhes novos significados, reinterpretá-los ou, simplesmente, aceitar. Se você é muito reativo, ressentido, amargurado e, eventualmente, sente-se vítima da sua história, invista na reestruturação do seu passado e liberte-se das mágoas antigas. O passado não tem como ser mudado, só pode ser entendido.
Aprenda a lidar com a ansiedade – Deixar de sentir ansiedade não é possível, mas podemos usar técnicas e estratégias para reduzi-la, como controle da respiração, mudança de pensamentos, técnicas de relaxamento e assim por diante, mas, o que vai fazer toda a diferença, é você não ficar alarmado com o que sente, tentando entender o momento de vida que está atravessando e perceber que tem, ao seu dispor, a capacidade de autorregular-se e tomar as rédeas dos seus comportamentos. Você não é uma vítima! Assim, terá ansiedade em níveis mais baixos e com menos sintomas físicos.
Valorize a sua vida – Alguns de nós, em algum momento de nossas vidas, tentamos encontrar significado para a nossa existência, como se fosse algo que estivesse perdido ou já estivesse realizado e, na verdade, esse significado deve ser construído e modificado a todo o momento, a cada evolução que temos. Dar um significado à nossa vida faz com que lidemos com as dificuldades, com mais confiança. Quando aprendemos a nos valorizar podemos influenciar positivamente todas as nossas experiências.
Cuidado com o seu humor, oriente-se pelos seus objetivos – Se você considerar que pode influenciar o seu estado de humor, ou fazer o que tem a fazer de acordo com aquilo a que se propôs, mesmo não sentindo vontade para realizar nada, fica numa posição mais capacitada para enfrentar o seu dia. Oriente-se mais sobre as suas intenções e menos pelos seus estados de humor negativos, até porque o mau humor não tirará a responsabilidade das coisas que você, e muitas vezes só você, tem que fazer.
Mude as suas atitudes – Você pode não ser a pessoa que gostaria de ser. Você pode estar mais nervoso do que você gostaria de estar, mais impulsivo, mais disperso, mais autossabotador, mais indisciplinado. Se assim for, você precisa mudar algumas atitudes, o que, naturalmente, só você pode fazer. Escolha uma atitude que gostaria de mudar e, em seguida, faça a seguinte pergunta: Que pensamentos e ações estão mais alinhados com os meus objetivos e com o que dou importância? Em seguida, tente perceber que pensamentos mais adequados você tem que ter e que medidas você tem de tomar, para colocar esses mesmos pensamentos em prática. Desta forma, você traça um conjunto de pensamentos e formas de agir que permitem aliviar o seu sofrimento emocional.
Lidar com as circunstâncias – As circunstâncias que enfrentamos, inevitavelmente, têm um peso na nossa reação emocional. A nossa situação econômica importa, os nossos relacionamentos importam, as nossas condições de trabalho importam, a nossa saúde importa. Muitas circunstâncias estão completamente fora do nosso controle, e muitas outras estão sob o nosso controle. Podemos mudar de emprego ou de carreira, divorciarmo-nos, podemos perder peso, podemos irritar-nos ou manter a calma, podemos fazer exatamente aquilo que achamos que irá melhorar as nossas circunstâncias. Como resultado dessas melhorias, sentimo-nos emocionalmente melhor. O alívio do sofrimento emocional exige que você tome uma ação real, no mundo real.
Todos nós, em determinado momento das nossas vidas, vamos ser alvo do sofrimento emocional, não temos como fugir dessa realidade. O importante é saber que temos ferramentas à nossa disposição para aliviar o sofrimento emocional e, com isso, perceber que temos a capacidade de ajudar a nós mesmos, em momentos dolorosos. Você pode compreender a si mesmo, pode estabelecer objetivos e agir em sintonia, pode aprender com a experiência, pode crescer e superar a dor e, assim, ter mais influência em sua saúde emocional e física.
“Passe essa ideia adiante!”