Na edição nº 2.214, de 31 de outubro de 1964, O Município publica uma crônica de Benedito Peretto, na qual ele conta um fato muito curioso sobre o almoço oferecido pelo pároco padre Silvio Volpicelli ao monsenhor José do Patrocinio Gonçalves, que vinha para Socorro, assumir o cargo de vigário da paróquia.
UM ALMOÇO INESQUECIVEL
Há pouco o amigo Craveiro completou, com alguns esclarecimentos, a passagem de Padre Silvio Volpicelli pela nossa terra, citando pitoresco fato em que acompanhava uma carrocinha que alguns coroinhas empurravam. Dentro havia um vasto sortimento de óleo de oliva, queijo parmezão e certamente algum <spagetti>. Ele explicou o motivo da prudência. Não ia abrir nenhum empório, como à primeira vista poderia parecer. É que tinha estourado outra guerra na Europa e, com a dura experiência da anterior – quando lá passou fome naquele malfadado período de 1914 a 18 – tomava suas precauções, muito justas aliás.
Entreto, a sua mesa não era abundante. Talvez mesmo sóbria demais. Alimentava-se apenas com o necessário para a subsistência.
Quando chegou a Socorro Monsenhor José, para assumir o cargo de vigário da Paróquia, Padre Silvio diversas vezes convidou-o para, juntamente com seu pai, sr. Alfredo, irem almoçar na Casa Paroquial. Um dia resolveram aceitar, pois parecia desapreço protelar o atendimento da gentileza. Então marcaram para o dia seguinte o almoço.
Acontece que Padre Silvio talvez tivesse esquecido o convite. Quando os hóspedes chegaram, as empregadas foram colocando na mesa a frugal refeição costumeira de Padre Silvio: uma lata de óleo de oliva, pão tipo italiano, um prato com pedaços de queijo parmezão, outro com cebola cortada. Não havia mais nada. Os hóspedes se entreolharam. Contudo, rezaram, sentaram à mesa e participaram do humilde repasto que havia. Saborearam o café e agradecendo, despediram-se. Ao chegarem em casa, pediram à família que fosse servido o almoço. Ninguém acreditou. Mas insistiram e realmente puderam almoçar.
