A recente divulgação de um problema de saúde, infelizmente envolvendo a filha do jornalista Tiago Leifert e sua esposa, Daiana Garbin, abriu espaço nos meios de comunicação para falar sobre o retinoblastoma, palavra que foi destaque nas redes sociais na última semana.
O oftalmologista Filipe de Oliveira Carvalho falou um pouco sobre o tema:
O que é o retinoblastoma?
O retinoblastoma é um tumor maligno intraocular originário das células da retina, localizada no fundo do olho, que é a parte responsável pela visão. Pode atingir um ou os dois olhos. Apesar de raro, apenas 2 a 4% de todos os outros tumores da infância, o retinoblastoma é o mais comum entre as crianças.
Em qual faixa etária ele costuma se manifestar?
Ele afeta principalmente bebês e crianças pequenas de até 5 anos, sendo que 90% dos casos ocorrem antes dos 4 anos de idade.
Quais os principais sintomas?
Os sinais mais comuns da doença são “leucocoria”, que é um reflexo branco da pupila (conhecido como olho de gato) ao invés do reflexo vermelho que seria o normal. Além disso, estrabismo (desvio ocular), sensibilidade à luz, dor e inchaço nos olhos também são sintomas. Portanto, toda leucocoria e estrabismo em crianças de 0 a 5 anos de vida, DEVERÃO ser investigados até que se descarte o diagnóstico de retinoblastoma.
Como é feito o diagnóstico? Existe algum acompanhamento preventivo?
O diagnóstico precoce desta forma de tumor, cuja origem está associada a fatores genéticos, é o melhor caminho para garantir seu tratamento adequado. Neste sentido, o início dos cuidados começa ainda na maternidade, onde todo recém-nascido deve ser submetido ao Teste do Olhinho (teste do reflexo vermelho) até 72 horas de vida, sendo este o primeiro passo para a detecção de doenças oculares. Após essa abordagem inicial, o Teste do Olhinho deve ser repetido pelo pediatra ao menos três vezes ao ano, nos três primeiros anos de vida da criança. Na identificação de qualquer anormalidade, o paciente deve ser encaminhado para consulta com oftalmologista que aprofundará a investigação. Quando diagnosticado precocemente, o retinoblastoma é uma doença altamente curável, com a preservação da visão e da vida da criança.
Como é feito o tratamento?
O tratamento de cada paciente é individualizado de acordo com vários fatores (localização e o tamanho do tumor, disseminação além do olho e possibilidade de preservação da visão). Hoje dispomos de várias formas de administração de quimioterapia, associadas a tratamentos locais. Ainda podemos contar com auxílio da radioterapia e tratamentos cirúrgicos para casos avançados ou não responsivos ao tratamento conservador. Nos casos mais avançados, pode haver a necessidade de retirada do olho afetado (enucleação) e a criança pode adaptar uma prótese ocular para melhorar a estética.
Para ampliar a proteção da saúde ocular das crianças, recomenda-se ainda que bebês de 06 a 12 meses passem por um exame oftalmológico completo. Posteriormente, entre 3 e 5 anos, essa mesma criança deve ser submetida a uma segunda avaliação. Estes exames oftalmológicos completos são fundamentais para detecção precoce de problemas que afetam a saúde ocular da população pediátrica.
Algo mais?
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia ainda emite outro alerta aos pais e responsáveis: em casos de doenças oculares confirmadas, confiem apenas nos cuidados oferecidos por médicos qualificados, em especial por oftalmologistas. Supostos tratamentos, como “self-healing” ou prática de exercícios oculares não têm comprovação científica. Portanto, eles não servem para curar o retinoblastoma ou qualquer outra doença que afeta o aparelho da visão (glaucoma, catarata, doenças retinianas etc.).
Ao invés de conduzir à cura ou à melhora dos quadros clínicos, como sempre prometem, essas abordagens podem retardar o início de tratamentos corretos, aumentando as chances de comprometimento parcial ou total da visão e, em casos de tumores, até mesmo da vida do paciente.
Cuidar da saúde ocular das crianças é fundamental. Visite seu oftalmologista!
Serviço
O dr. Filipe Oliveira Carvalho atende na Multclínica, à Rua Dr. Campos Salles, 43. O telefone de contato é 3895-5714 ou pelo WhatsApp (19) 99756-6202.