Uma aventura lendária! De volta e cheios de histórias para contar estão os socorrenses Claudinei Formagio, Eduardo Szabo, João Costa, Marco Aurélio, Ricardo Barel e Ricardo Cavalin, que percorreram seis países da América do Sul de moto, numa viagem de 24 dias e 13.000 quilômetros rodados. Acompanhe a entrevista com Marco Aurélio, nosso fiel correspondente que em nome do grupo descreve a expedição:
Quanto tempo de planejamento para iniciar essa expedição?
Planejamos com um ano de antecedência. O roteiro, paradas, documentos exigidos, seguros, orçamento, etc. Tudo estudado, coletando informações em sites de viagens e depoimentos de motociclistas que já fizeram parte ou todo percurso desejado por nós.
Se fosse possível eleger um local de destaque em cada país visitado, qual seria?
Difícil eleger um único ponto de cada país, as paisagens que a Cordilheira dos Andes proporciona são fantásticas. Impressiona como o cenário muda a cada cidade, fazendo com que ficássemos maravilhados com o que estava diante de nossos olhos. Mas vamos lá:
Peru: Machu Picchu talvez seria a primeira eleita que viria a nossa mente ou a mente de quem já visitou este país. Mas as estradas da região de Huancayo em direção a Tomas, que levam até o Canyon de Uhcho, são de tirar o fôlego. Um asfalto impecável de uma estrada margeada por um rio de águas azuis turquesa e cravada em Cânions e desfiladeiros deixam o cenário digno de grandes filmes.
Bolívia: Salar de Uyuni. Um deserto de sal onde pode ser visitado o “Hotel de Sal”, lugar onde as paredes do hotel e todos seus móveis (cadeiras, mesas, camas, etc) são feitos de sal. São cerca de 12.000 km2 de sal, chega a dar a impressão que se está em um “mar branco”, o que causa um efeito lindo, contrastando com o azul do céu e é possível se tirar fotos ótimas em perspectiva.
Chile: Deserto do Atacama. As flores do deserto transformam o ambiente árido em um lugar encantador. Montanhas com picos nevados podem ser vistas por toda estrada, além de animais como Cervos e Lhamas que vivem soltos na região. Ali seria necessário dias para conhecer todas as belezas que o lugar proporciona (lagunas, gêiseres, vulcões, etc).
Argentina: A cidade de Corrientes. Bela, limpa e hospitaleira.
E as dificuldades encontradas?
Nem tudo são flores (risos). Tivemos alguns momentos de “perrengue”. A começar pela mudança climática drástica. Principalmente no Peru. Lá as cidades que visitamos ficavam no “pé” da cordilheira. Nesta época do ano pegamos temperaturas agradáveis, perto dos 21ºC nas cidades.
Só que para deslocarmos de uma cidade para outra (e fizemos isso muitas vezes, pois atravessamos o país de leste a oeste) era necessário subir a cordilheira para então descer novamente. Saíamos de 21ºC na base para -2ºC no topo da cordilheira. Outras dificuldades estão atribuídas ao deslocamento.
O vento do Pacífico: saímos de Socorro sabendo da existência dele, mas o conhecemos verdadeiramente lá na Rodovia Panamericana. Estrada que interliga diversos países e é margeada pelo Oceano Pacífico.
Nesta rodovia pegamos ventos superiores a 80km/h, vento lateral, pilotávamos as motos “inclinados lateralmente”; o vento trazia a areia da praia para a pista o que tornava o asfalto um perigo.
Já na Bolívia, a dificuldade foi encontrar combustível. Lá a venda de combustível para estrangeiros é regrada e controlada. Quando achávamos algum posto que aceitava vender gasolina para nós, tínhamos que dar dinheiro extra ao frentista para podermos abastecer.
Ainda na Bolívia, em direção ao Chile, pegamos uma estrada não pavimentada. Foram duzentos e trinta quilômetros entre terra batida e muitos buracos cobertos de areia, verdadeiras armadilhas. Neste trecho três de nossos amigos sofreram quedas. Mas nada grave, graças à Deus!
Quais conselhos dão para quem pretende fazer uma viagem como essa?
Vá! Não irá se arrepender! Mas não vá sem planejamento!
Procure se informar das exigências para admissão em cada país (documento pessoal, do veículo, vacinação, seguros, etc.); estude a melhor época do ano para viajar, escolha períodos com poucas chuvas e temperaturas amenas. Tivemos esse cuidado e mesmo assim pegamos trechos em baixa temperatura. Veja e reveja o trajeto. Evite viajar à noite, em cordilheiras consome muito tempo para percorrer poucas distâncias. Leve um reservatório para gasolina extra. Sempre tenha dinheiro em espécie, faça câmbio em cidades perto de fronteiras (sempre a melhor taxa). Não esqueça de um GPS e contrate um plano de telefonia que funcione no país que estará viajando. Se puder leve câmeras, celular, drones, etc. para filmagens e fotos. Ninguém vai acreditar (ou pode imaginar) no que viu se não ver as imagens, são incríveis!
Outra expedição em vista?
Sim, estaremos iniciando o planejamento para visitarmos a “Terra do Fogo” (Ushuaia), na região da Patagônia, extremo sul da América. Pretendemos realizar essa viagem no início de 2024. Mas temos muitos estudos ainda para fazer.
Gostaríamos de agradecer, primeiramente a Deus por nos proporcionar a oportunidade de realizarmos essa expedição, aos familiares pelo apoio e ao jornal por divulgar esse evento.
Caso algum leitor tenha o desejo de mais detalhes da viagem, podem entrar em contato pelo e-mail: [email protected]