“Trabalhar com arte aqui no Brasil é um processo de resistência diária”, conta o cineasta Guilherme Franco Pinto

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Cena da filmagem

Entrevistamos o jornalista, cineasta e ativista socorrense Guilherme Franco Pinto, de 26 anos, para falar sobre o seu primeiro curta-metragem, “Laura”, que foi exibido em diversos festivais pelo mundo. Também abordou questões da indústria do cinema brasileiro e português e quais as dificuldades de trabalhar com arte.

Para começo de conversa

“Laura” é um trabalho realizado em Portugal, durante o intercâmbio de seis meses no país. Resultado de todo o empenho de Guilherme e sua equipe, a qual contou com apenas dois homens e só atrizes – já que o objetivo do curta-metragem é a representação feminina. Gravado em Coimbra e faz parte do cenário uma das igrejas mais antigas da cidade portuguesa – a capela de São Miguel e caso tenha interesse de assistir, é só entrar em contato com o diretor.

Para Guilherme, a produção foi um grande desafio, já que na produção de um curta-metragem as tarefas, muitas vezes,acabam sendo para uma pessoa só: roteiro, edição, direção e produção, por exemplo. Atividades que num longa são desenvolvidas por profissionais diferentes. “Aprendi muito nesse processo”, comenta.

“Laura” foi exibido nos principais festivais, a saber: Alternative International Film Festival (Canadá), Caminhos do Cinema Português International Film Festival (Portugal) Chennai International Short Film Festival e DADASAHEB PHALKE International Film Festival (Índia), Corvallis Queer Film Festival e Newark International Film Festival (EUA), DEA Open Air Film Festival (Albânia), DreaManila International Film Festival – Prêmio de Melhor Roteiro (Filipinas) Festival de Cinema de Itu (Brasil), First-Time Filmmaker Sessions (Inglaterra), Kalajoki Film Fest (Finlândia), Malabo International Music & Film Festival (Guiné Equatorial), MoziMotion (Holanda), In Shorts International Film Festival (Nigéria), International Inter University Short Film Festival (Bangladesh) e PIFF – Pordenone International Film Festival (Itália).

Sinopse – Laura nunca teve independência. Sua mãe, seu ex-namorado abusivo, sempre algo a prendendo. Quando vai à Coimbra para estudar, encontra a oportunidade de descobrir quem ela é.

 

Cinema brasileiro x cinema português

Segundo Guilherme, o Brasil tem grande potencial de ser uma das maiores indústrias do cinema do mundo, porém a falta de políticas públicas e o baixo incentivo na educação, são fatores que ‘travam’ o desenvolvimento de nossa sétima arte. “Na Europa há muito dinheiro, e portanto a facilidade de se produzir filmes. No Brasil, estamos cada vez mais desenvolvendo editais e políticas públicas, mas como dependemos do estado, nunca temos algo sólido, principalmente com a atual crise política. Aqui, nossos filmes retratam a nossa luta, nossas dores, cotidiano, pobreza, preconceito e fazemos comédia. Mas temos outros problemas, como falta de uma educação básica e políticas públicas que não incentivam a produção artística. Em Portugal, vi que temos muito preconceito com os filmes brasileiros. Trabalhar com arte aqui no Brasil é um processo de resistência diária. O grande ponto atualmente é dialogar e estar juntos”, explica o cineasta.

O jornalista e cineasta encerra a entrevista dizendo que entender a importância do cinema é fundamental para valorizar a arte. É um campo que emprega muita gente, muito além de atores e diretores. “Gui”, como gostamos de chamá-lo, também revela que já está na pós-produção de outro curta-metragem, “Samantha” e de um livro-reportagem o qual escreverá sua trajetória na cura contra o câncer. Estamos ansiosos pelos lançamentos! Vamos aguardar!

*Guilherme Franco é jornalista, curador, artista Visual, cineasta e ativista. Foi assistente internacional de distribuição na Elo Company, de produção executiva na produtora bigBonsai e curador assistente de Festivais no Brasil e Inglaterra. Realizou performances no Brasil e Portugal. “Laura” é seu primeiro filme, está circulando em festivais pelo mundo. Diretor-fundador da Avenida de Direitos Humanos no Rotaract Club de Socorro trabalha projetos como violência contra mulher, racismo, genocídio indígena e diversidade na família rotária. Atualmente realiza Mestrado em Multimeios na UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas pesquisando sobre cinematografia LGBTQI+ e discurso de ódio e está trabalhando também com distribuição de longas-metragens para festivais.

 

 

 

 

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