Tudo começou em agosto de 2012, quando Augusto Belluzzo contratou o fotógrafo Elton Benatti para uma sessão de fotos do “Casal Stuart”, os personagens de um filme amador que o jovem estudante do Ensino Médio, na época, faria com um grupo de amigos amantes do cinema. Aquele alvoroço despertou a curiosidade do fotógrafo que, após achar o “hobby” interessante, ofereceu-se para filmar e editar o que mais tarde se tornaria o primeiro filme de muitos outros que viriam pela frente. E esse foi o marco que fez Elton e o jovem estudante juntarem-se em parceria para a produção de filmes beneficentes, em Socorro-SP.
Após necessários acertos e produtivas conversas, Augusto escolheu escrever os roteiros e dirigir sua equipe de atores nada profissionais; já o fotógrafo dedicou-se à filmagem e à edição final daquele desafio que se tornaria realidade. A partir daí, a empresa-fato intitulou-se Belluzzo & Benatti Produções, em homenagem aos sobrenomes de seus diretores.
A ideia da gratuidade de exibição apareceu quando os proprietários do Cine Orlandi ofereceram o espaço para a exibição dos filmes, sem nenhum custo de ingresso, de forma a incentivar a população socorrense à cultura do cinema amador. O projeto evoluiu e foi criada a Comissão de Arrecadação de Alimentos não Perecíveis pelos próprios membros da Belluzzo & Benatti Produções, solicitando à população um (1) quilo de alimento, em troca da entrada gratuita para o prestígio dos filmes em exibição, no cinema. Os alimentos destinavam-se às instituições carentes do município; uma forma de incentivar o projeto dos iniciantes e diversificar os setores de entretenimento da população. Com muita organização, Valete de Sangue, o primeiro filme, saiu das páginas do roteiro, e o “Casal Stuart” ganhou vida entre outros personagens criados por Augusto e Elton.
“Valete de Sangue” estreou em 17 de fevereiro de 2013, arrecadando mais de cem quilos de alimentos destinados a uma ONG de dependentes químicos, instalada no município. A história do filme passava-se em meados da década de 30, em Londres, tendo como plano principal uma série de assassinatos ocorridos na Mansão Stuart. Para a reprodução da residência, os diretores de arte da produtora escolheram a residência Chehouan, cujo proprietário integrava o elenco, atuando como o protagonista “Doutor Homus”. Após o prestígio popular oriundo do trabalho da equipe e dos proprietários do Cine Orlandi, a Belluzzo & Benatti Produções sentiu-se pronta para mais um desafio que, dali a alguns meses, superaria a capacidade das cadeiras do cinema da cidade.
Em agosto de 2015 saiu do forno o segundo filme chamado “As Águas vão Rolar”, uma comédia escrachada “western”, apresentando o triângulo amoroso entre um “cowboy” nada educado, sua paixão Marry Joe e o odioso prefeito Justo Tourão. O cenário diversificou-se do filme anterior, pois, para a captura das imagens, a equipe se valeu de cenas externas mais ousadas, como a Estrada Municipal da Pedra da Bela Vista, o Hotel Campo dos Sonhos, Jota Bar, Paço Municipal, entre muitas outras localidades. O equipamento técnico foi aprimorado com os investimentos pessoais de Elton, e o elenco dobrou em relação ao número de pessoas envolvidas. Em menos de cinco meses “As Águas Vão Rolar” estava na reta final de edição e publicidade. O filme bateu recorde em relação ao anterior, arrecadando mais de 200 quilos de alimento, em apenas duas exibições, em agosto de 2013, em plena festividade da Padroeira de Socorro.
O último filme lançado pela Belluzzo & Benatti Produções intitula-se “Hotel Califórnia”, que estreou em agosto de 2014, tendo um público ainda mais considerável, em duas sessões, rendendo mais de 100 quilos de alimentos em cada uma delas. A história principal acontecia na cidade do Panamá, em um Hotel decadente, onde não havia água, nem limpeza. O que havia para fazer de interessante nos salões quase vazios, entre as paredes que guardam uma história esquecida? O protagonista, desta vez, era o próprio Elton Benatti que, saindo de trás das câmeras e luzes, deu vida à Santiago, um jornalista viajante que não se importava, de início, com a elegância dos hóspedes e a decadência dos cômodos. Senhor Monteiro, o proprietário, sempre vinha com especulações; afinal, o novato Santiago já não era tão desconhecido assim. A produtora inovara, mais uma vez, em um final surpreendente, apresentando uma comédia intrigante e descontraída, oriunda da criatividade da Cia. Belluzzo & Benati Produções.
O elenco de “Hotel Califórnia” recebeu um considerável número de novatos, aumentando assim a quantidade de atores, na mesma cena. Os ensaios tornaram-se mais frequentes, e todos os envolvidos na produção ultrapassaram quarenta pessoas. O empenho de cada ator era inegável, possibilitando uma gravação muito mais profissional que as gravações dos filmes anteriores.
Agora, em fevereiro de 2015, a produtora está finalizando as gravações do que será seu mais recente filme, intitulado “1969”, uma história que completa a trama do “Hotel Califórnia”, o filme exibido anteriormente. Para as filmagens, mais de sessenta pessoas estão envolvidas em diversos setores de produção. Augusto e Elton juntaram-se com a Corporação Musical Santa Cecília do município de Socorro, além de diversificados “sets” de filmagem, que inovarão a fotografia até então aplicada no cenário cinematográfico. O plano de fundo principal continua sendo o Casarão Calafiori, uma propriedade inaugurada em 1914 por uma das famílias mais tradicionais de Socorro: os Calafiori. Para a produção deste último trabalho, que terá a edição concluída em agosto de 2015, a equipe contou com a colaboração do Clube XV de Agosto, além de inúmeros figurantes novos. Os principais patrocinadores foram as Lojas Evolução, Vitrine Cosméticos, Elegance Trajes, Noivas & Flores, Móveis Santo Antônio, entre outros. Como já se tornou tradição, em agosto está prevista sua exibição.
No momento a empresa-fato está em projeto de conclusão de um novo roteiro, para janeiro de 2016.
Com o passar do tempo, o hobby tornou-se um projeto e o projeto tornou-se realidade. Hoje, a Belluzzo & Benatti Produções já subiu alguns dos infinitos degraus que ainda tem pela frente, porém, a ambição dos envolvidos não é atingir nenhum tapete vermelho, mas, sim, contribuir para a cultura da cidade e auxiliar aqueles que mais necessitam.