O piloto italiano Vincenzo Di Martino, do Clube de Voo Livre das Estâncias, representou Socorro numa das expedições mais extremas do voo livre, na modalidade cross country (longa distância) e velocidade. Com 10 anos de experiência em voo, ele, juntamente com pilotos do mundo inteiro, esteve durante os meses de outubro e novembro, em Quixadá, no Ceará.
Em uma época de ventos mais propícios, este é o local destinado somente a voadores experientes, com muito conhecimento de vento. É o paraíso do voo-livre no sertão do Brasil.
Com seu parapente, ele realizou 4 grandes voos, entre 200 a 300 km de distância cada um, que lhe renderam o primeiro lugar em sua categoria, a EN-C. Ele conta que, num dos voos mais longos, comia castanha e usava sonda para urinar, tudo sem se desligar do rastreamento, com rádios e GPS.
“É preciso muita concentração. São condições extremas e muita adrenalina”, relata. Em um dos dias que decolou, pousou de tarde e como o resgate não conseguiu chegar, de tão distante, dormiu no mato.
São cerca de 30 decolagens por dia, com custo alto de tecnologia e resgate no sertão. São necessárias 4 pessoas para levantar voo, já que as rajadas de ventos chegam a 60 km/h, de leste a oeste. Durante essa temporada de 2013, o recorde mundial de distância foi quebrado por 3 brasileiros, que percorreram 464 km, em 9 /10 horas no ar.
Segundo Vincenzo, para o próximo ano, a equipe de Socorro estará mais completa, com novos pilotos enfrentando os ares sertanejos.
Quixadá – o Hawaii do voo livre
A cidade de Quixadá é classificada como um dos quatro melhores lugares para a prática do voo livre, por causa da ausência de chuvas e dos ventos fortes da região. Além do município cearense, os outros locais apontados são o deserto do Novo México, nos Estados Unidos, as regiões semiáridas da África do Sul e o deserto de Forbes, na Austrália.
Até o fim de dezembro, mais de 300 pilotos de diversos países, principalmente da Europa, estarão decolando da rampa do Urucum, em busca da quebra de suas próprias marcas e de recordes mundiais.
Eles aproveitam a estrutura da organização para decolarem com segurança. Contam com intérprete, orientação nas decolagens, monitoramento virtual de todos os voos e serviço de resgate, após percorrerem a maior distância possível, cruzando o céu dos sertões do Nordeste.