No mês de julho, Thiago Henrique de Moraes Franco e Hellen do Amaral Pinto curtiram o que tem de melhor de Lençóis Maranhenses atravessando toda sua extensão a pé, uma viagem bem diferente!
“Sempre tive muita vontade de conhecer o nordeste brasileiro, somado a isso sempre gostei muito de praticar esportes de aventura. Quando soube que é possível realizar a travessia a pé logo coloquei essa viagem na “lista de desejos”. Em julho deste ano minhas férias no trabalho iriam vencer e logo pensei, agora é a hora. Quando falei com a Hellen ela aceitou de primeira, compramos a passagem uma semana antes de viajar, dizem que as melhores viagens são as que acontecem de última hora, sem combinar e realmente foi. Todos os dias foram incríveis”, relata Thiago, que nos deu grandes dicas sobre o local:
Travessia a pé
Ao todo caminhamos 90km, distância essa que pode variar já que não há um caminho certo nas dunas e estas mudam frequentemente com a ação dos ventos. Utilizamos como ponto de apoio pequenos oásis onde moram poucas famílias e estes oferecem abrigo aos caminhantes que topam essa aventura. São esses pontos que seguimos no GPS, equipamento obrigatório para não se perder em meio as dunas já que é comum ficar desorientado e por várias vezes precisamos corrigir a direção após consultar o equipamento.
A caminhada é difícil e desgastante na areia, sombras são raras e o sol é muito quente mesmo no inverno já que estamos próximo à linha do equador; porém, felizmente, encontramos lagoas de água doce e cristalina a cada 15 minutos onde é possível beber água e se refrescar. Como já temos experiência com as atividades outdoor, optamos por realizar a travessia sem guia.
1º dia: Vôo de São Paulo para São Luiz no Maranhão, depois pegamos uma Van para Barreirinhas seguido de um barco para Atins e, de lá, iniciamos a caminhada até Canto do Atins. Todos os dias dormimos em redes.
2º dia: Sabendo que seria necessário percorrer pouco mais de 30km na areia, começamos andar às 4 da manhã e após 11 horas e meia de caminhada chegamos exaustos em Baixa Grande. Fomos ver o pôr do sol nas dunas e na sequência capotamos. Acordamos de madrugada mortos de fome e o que nos impressionou foi a hospitalidade local, Dona Dete tratou logo de cozinhar ovos e fazer uma tapioca.
3º dia: Este dia curtimos muito as lagoas que há pelo caminho, as lagoas são formadas a partir das chuvas que ocorrem de Dezembro a Maio e vão se esvaziando até o próximo período chuvoso, encontramos algumas lagoas já sem água, mas a grande maioria tinha água até a cintura e outras um pouco mais profundas.
Chamou nossa atenção algumas cabras selvagens que viviam próximo às lagoas e gaivotas que frequentemente nos atacavam para proteger o ninho. Passamos por uma lagoa que encantou a mim e a Hellen e cogitamos acampar selvagem sem barraca ali mesmo, mas nossa comida estava acabando e então optamos seguir até Queimada dos Paulos, onde curtimos o pôr do sol e fizemos amizade com um grupo que estava realizando a travessia com guia.
4º dia: começamos a caminhada junto com o nascer do sol o que nos proporcionou belas paisagens. Neste dia as dunas eram mais altas e o sobe e desce foi mais intenso. Foi mais um dia totalmente isolado do mundo, ficamos o dia todo sem ver uma alma por perto, encontramos uma lagoa onde ficamos mais de uma hora nadando e impressionado com a cor verde turquesa da água, chegamos à Betânia após passarmos por um rio onde há relatos de jacarés, estávamos um pouco tensos, mas logo percebemos que o rio estava bem baixo e com o fluxo de barcos de moradores nenhum jacaré estaria por ali.
5º dia: O morador nos aconselhou a pegarmos um barco até o outro lado do rio e depois disso, caminhamos por volta de 4 horas até Santo Amaro. Já próximo da cidade, cada vez mais foi aumentando o fluxo de caminhonetes que levam turistas para conhecer os Lençóis. Foi ficando aquele gostinho de felicidade e tristeza por ter concluído essa aventura.
Para Thiago, o que mais impressionou foi a beleza única do lugar, o contraste do deserto com as lagoas de água doce e cristalina chega a emocionar. E, em breve, tem mais: “Se tem uma coisa que um aventureiro não vive sem é uma nova aventura”, conta ele, que costuma publicar seus roteiros no perfil do instagram e youtube: @por_onde_anda_thiago.