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Uma oportunidade de renda extra, trabalhando por meio período, para trabalhar de home office, com um salário atrativo. Uma
oferta tentadora para quem busca complementar o ganho mensal. O primeiro contato é feito via mensagem – geralmente pelo
WhatsApp, sem muitos detalhes.

A pessoa só vai saber mais sobre o assunto depois que entra em contato pelo número indicado. “Já fazia um tempo que eu estava buscando uma oportunidade de renda extra e quando recebi a mensagem, não pensei duas vezes. O serviço proposto era de assistir e curtir vídeos do Youtube, ganhando quatro reais por vídeo. Parecia simples e, no começo, a promessa era cumprida. Enviava o print da tela com a tarefa cumprida e recebia o dinheiro em minha conta”, conta uma mulher, que não quis se identificar.

“É tudo muito organizado. Depois do primeiro contato eles pedem para falarmos com a recepcionista no Telegram, que encaminha para o tutor, suposto professor, pelo mesmo aplicativo, e somos colocados em um grupo – hoje com mais de 12 mil pessoas. Neste grupo recebemos as orientações e links dos vídeos; assim que cumpríamos a tarefa proposta, recebíamos o comprovante que vinha em nome de uma empresa, o que não dava margem para suspeitas”, completa ela, dizendo ainda que a todo o momento chegavam mensagens nos grupos com comprovantes de pix feito aos “funcionários exemplares”.

A vítima relata que conforme as suas tarefas foram cumpridas, surgiram outras, porém, num formato diferente: o pré-pago.
“Eu teria que escolher um valor – que variava de 100 a 300 reais para receber 30% do depositado, caso não cumprisse o que
mandavam, eu ganharia apenas dois reais por vídeo. De cara, não aceitei. Porém, o tutor, que era a pessoa responsável por nos orientar, começou a pressionar. Diante da pressão optei pela tarefa de 100,00 e, com isso, recebi 130,00 de volta”, explica ela.

Assim que cumpriu a sua primeira tarefa pré-paga, a mulher foi orientada a abrir a conta em uma corretora de criptomoedas, para onde o seu dinheiro foi transferido. “Após a transferência, surgiu uma nova tarefa, no entanto, com o valor mínimo de R$ 400,00. Como tinha dado certo a primeira, repeti a operação”, afirma. “A resposta que recebi foi que, para receber o valor de volta mais 30% eu teria que repetir a operação num valor maior: R$ 1.200,00. E os argumentos foram se repetindo, até chegar ao de R$ 13.850,00. Neste momento, eu não tinha mais dinheiro algum e não sabia mais o que fazer. A ideia de que se tratava de um golpe já estava em minha mente, porém, ao mesmo tempo, eu pensava que se transferisse o que pediam, poderia reaver parte do que já tinha depositado. Fui no banco e saquei no cheque especial”, lembra a mulher, dizendo que ainda pediram mais de R$ 30 mil.

Porém, mesmo cumprindo tudo o que lhe foi pedido, ela não conseguiu o dinheiro. O contato do tutor informava que ela teria um tempo mínimo para fazer a operação de resgate e venda das bitcoins em sua carteira e, quando fazia, alegava que tinha ultrapassado o tempo permitido.

“Fiquei sem chão! Em cerca de 12 horas eu havia perdido mais de R$ 20 mil. Desesperada, fui à Delegacia, registrar um boletim de ocorrência, onde me falaram ter mais pessoas na cidade na mesma situação. Cheguei a pensar no pior, em sumir, mas, graças à minha terapeuta tenho enfrentado essa situação. Hoje, estou aqui, dando o meu relato como forma de alerta, para que não tenhamos mais vítimas e ninguém passe pelo que eu passei. “, lamenta ela, que também registrou o caso no Procon e entrou em contato com a sua instituição financeira para bloquear as contas fraudulentas.

De acordo com o presidente da OAB, José Franco Craveiro Neto, se trata de um caso de estelionato e a orientação neste caso é justamente registrar a ocorrência e procurar um advogado de confiança. “Caso a pessoa não tenha condições de ter um advogado particular, pode procurar a triagem da OAB para ser nomeado um advogado do estado”, explica.

Em 10 dias, pelo menos 5 vítimas registraram a ocorrência Segundo a Delegada da Polícia Civil de Socorro, Leise Silva Neves, nos últimos 10 dias, tivemos cinco boletins de ocorrência por estelionato, relacionado a este mesmo tipo de golpe. “Exatamente o mesmo modus operandis. A orientação, hoje em dia, mesmo com as redes sociais, é que a pessoa procure no Google, em sites como o Reclame Aqui, para pesquisar o CNPJ ou CPF de quem faz estes investimentos.

E o mais importante: registre a ocorrência. Em caso de estelionato, só é possível a apuração oficial dos fatos caso seja registrado”, orienta ela.