Estreou no dia 4 de janeiro, a nova série documental do Globoplay que mostra os efeitos das mudanças climáticas na Groenlândia. Essa é terceira expedição dos repórteres Ernesto Paglia e Marco Antônio Gonçalves no extremo Norte da Groenlândia. A viagem aconteceu em abril de 2023, com duração de onze dias somente na cidade de Qaanaaq, onde mostram como vivem os indígenas Inuit, o povo nativo do Ártico.
Marco Antônio e Paglia estiveram nesta mesma cidade em 1995 e 2007. Desta vez, a viagem foi acompanhada por Henrique Picarelli,
que dirige o documentário e assina o roteiro, e a produtora Ana Pessoa. Em entrevista, ao O Município, o jornalista socorrense conta que essa foi a viagem da sua vida, lugar que dificilmente irá voltar.
Lá, chegaram a pegar inacreditáveis -29 graus. “Passamos quase 8 horas viajando sobre o mar congelado ao lado dos caçadores. Foram 60 km em cima de trenós puxados por cães”, revela Henrique. Dos 11 dias de viagem em Qaanaaq, passaram 3 dias acampados
em uma barraca, no gelo. Nos dias na cidade, dormiram em um pequeno hotel, de 5 quartos. Para chegar até Qaanaaq atravessaram o Canadá, num roteiro que envolveu muita logística. “Saímos de Vancouver num voo que acontece uma vez por semana até a região central do Canadá, para uma cidade chamada Yellowknife. De lá, pegamos outro voo pequeno, que também acontece somente uma vez por semana, até Resolute Bay, última cidade no Ártico canadense. Lá, fretamos um avião e atravessamos a baía de Baffin até a Groenlândia, em Qaanaaq, comunidade indígena mais ao norte do mundo e a cidade mais próxima do Polo Norte”, revela o diretor.
30 anos depois
Diretor relata como o perfil das viagens foi mudando ao longo do tempo
Em 1995, quando o Paglia e o Marcão foram pela primeira vez a Qaanaaq, o objetivo era acompanhar um grupo de caçadores na primeira expedição de caça durante a primavera, que representa a volta da luz naquela região. Eles passam de outubro até o começo de fevereiro numa penumbra total e a primavera é a volta da vida, quando eles saem para caçar os animais: morsa, foca, uma espécie de baleia chamada Narval, raposas… Na primeira expedição o objetivo era mostrar isso: o contato com o exótico, o que é diferente da
realidade brasileira.
Em 2007 a ideia era tentar refazer a viagem, mas já com o olhar do impacto do aquecimento global sobre aquela região. Isso tem um
porquê: segundo os cientistas, as regiões polares, tanto a Antártida quanto a região Ártica, sofrem 4x mais os efeitos das mudanças climáticas que a média mundial. Então, se falamos de aquecimento do planeta, lá é 4x pior. Mudança de vento, de maré, de corrente marítima, lá é sempre 4 vezes maior.
E, dessa vez, fomos para mostrar como, depois de quase trinta anos da primeira viagem, as mudanças climáticas estão afetando o clima daquele lugar e, consequentemente, todo o fator cultural de lá. Várias atividades econômicas estão atreladas ao clima. Se não tem gelo sobre o mar, por onde a gente viajou de trenó puxado por cachorro, eles não tem como caçar; então isso muda completamente a alimentação, a vestimenta. Eles se vestem com o couro e a pele dos animais que caçam. E aí um fator que torna a nossa viagem mais preocupante: na primeira vez que o Paglia e o Marcão foram, em 1995, eles andaram quase 400 Km sobre o mar congelado, por onze dias e dez noites. Dessa vez, a gente chegou no limite do derretimento em 8 horas, 60 km. Isso constata como as alterações climáticas estão mexendo com aquele lugar.
Não perca!
A série documental é composta por 3 episódios. Original Globoplay, ‘3x Ártico – O Alerta do Gelo’ tem direção de Henrique Picarelli, que assina também o roteiro junto com o Caio Cavechini; direção de produção de Clarissa Cavalcanti; produção de Ana Pessoa e reportagem de Ernesto Paglia e Marco Antônio Gonçalves.