Desde 2018, o indígena Panã Kamanawa propaga seus ensinamentos e saberes tradicionais de seu povo pelo Brasil e países vizinhos. Possui forte ancestralidade de curadores e rezadores, é filho do Pajé Kaku e neto de dois grandes pajés Noke Kuin. Aos 24 anos, é o homem mais velho de 9 irmãos.

Durante 10 dias ele esteve em Socorro, no Instituto Toca do Anjo, sediado no Bairro Santa Cruz, onde realizou atendimentos ligados a cura, além de dirigir rituais de ayahuasca, típica da aldeia Noke Kui. Músico, também apresentou canções e rezas de cura, que levam paz e alegria. Ele busca que as pessoas reconheçam sua verdadeira essência. Para Panã Kamanawa, é uma honra dar continuidade na história de seus ancestrais.

Ele conta que recebeu o chamado espiritual e, aos 15 anos, saiu da aldeia em Cruzeiro do Sul/Acre na intenção de levar a espiritualidade, medicina e tradição. Desde então, visita escolas e instituições, sempre no intuito de construir amizades e parcerias para levar sua mensagem. Ativista, recentemente participou de um fórum sobre medicina, no México.

Sobre os desafios da cultura indígena, ele revela um cenário difícil, em razão de racismo, discriminação, perseguição por garimpeiros e agronegócios em suas áreas, além da contaminação da água. “Somos os verdadeiros brasileiros e vivemos numa situação preocupante.

Precisamos manter nossa voz para que os conhecimentos sigam vivos e essa riqueza não se acabe”, disse. Defendeu a conservação da biodiversidade e também falou especificamente sobre Socorro. “Esse temporal que está acontecendo na cidade é a natureza tocando o que vai vir amanhã”, alertou.

Questionou o fato do próprio homem, que se alimenta da natureza, também destruí-la. “A Amazônia dá o ar que respiramos. Se acabar com a floresta acaba com a humanidade”, disse. Sobre os desafios de manter a tradição de seu povo frente tanta tecnologia e modernidade, diz que tudo tem o lado positivo e negativo.

Hoje, sua aldeia é próxima a cidade e conta com unidade de saúde, colégio e internet. O próprio indígena Panã já não vive mais sem o celular e WhatsApp para manter seu trabalho. Já as crianças, seguem com tradição preservada até ficarem mais velhas e tomarem suas próprias escolhas. “Nossa cultura está no sangue”, enfatiza. De Socorro, Panã Kamanawa seguiu para a cidade de Mairiporã.

Sítio Toca do Anjo
Fundado no ano de 2006, o Sítio Toca do Anjo é voltado para a realização de treinamentos, cursos, atendimentos individuais e em grupo, utilizando seus vários recursos relacionados a terapias holísticas e medicinas da floresta.

O objetivo de seus idealizadores, Milton Fernandes e Paulo Bonetti, é ensinar ferramentas para que cada um possa trilhar
seu verdadeiro caminho e se reconhecer como ser divino, capaz de realizar todos os seus projetos de vida, sejam eles físicos, emocionais ou espirituais, se beneficiando de toda a riqueza e abundância que já existe em cada um de nós.

Saiba mais: www.tocadoanjo.com.br