Junho é um mês especial para o cinema: no dia 19 comemora-se o Dia Nacional do Cinema e no dia 24, 80 anos do Cine Cavaliere Orlandi, localizado no Centro de Socorro.

No Cine Orlandi o tradicional e o tecnológico se completam de forma harmoniosa. Difícil não se encantar pela charmosa fachada antiga e preservada e por alguns itens de decoração. Nas salas, a modernidade impressiona pela qualidade do som e da imagem. “Gostamos muito de tecnologia e inovações, então procuramos sempre acompanhar as grandes redes de cinemas existentes no país e investimos na modernização dos equipamentos”, afirma André Orlandi Marchese, um dos três irmãos e sócios.

Sala 2

Acessível e inclusivo, o Cine Orlandi está preparado para receber cadeirantes. Conta também com equipamentos apropriados, audiodescrição e linguagem de libras para que deficientes visuais e auditivos possam acompanhar o filme de forma confortável.
Único na cidade, o cinema de rua abrigado em um casarão de 1942 tem muita história. Entre as que Marchese faz questão de ressaltar são as dos frequentadores pregressos: “namoravam no cinema ou se conheceram aqui. Por conta disso, muitos casamentos aconteceram”, conta animado e com certo orgulho. “Somos um dos mais antigos cinemas em atividade do Brasil”, enfatiza. Durante a pandemia precisaram se reinventar e buscaram nos anos 70 a solução: montaram por tempo determinado o primeiro Cine Drive-in da cidade. O entretenimento atraiu pessoas de toda a região.

Como uma boa comédia dramática, para o sócio se o Cine Orlandi fosse um filme seria o Cinema Paradiso, de 1988, cuja história se assemelha. Nele, anos antes da chegada da televisão em uma pequena cidade da Sicília, o garoto Toto (Salvatore Cascio) ficou fascinado pelo cinema local e começou uma amizade com Alfredo (Philippe Noiret), projecionista. Todas estas lembranças chegam a Toto (Jacques Perrin), agora um cineasta de sucesso, com a notícia do falecimento de Alfredo.

Fachada antiga

A sinopse do cinema de Socorro começa no prédio construído na rua Dr. Campos Sales, 63, pelo senhor João Della Maggiori Orlandi, projetado exclusivo para cinema, o então “Cine Voga”, exibindo o filme “Legiões de Heróis”. No início da década de 50 surgiram os filmes em “tecnicolor” e foram lançados alguns filmes em terceira dimensão, para os quais as pessoas usavam óculos verde-vermelho fornecidos pela distribuidora para ter a impressão de participação nas cenas. Nesta época também surgiram a “tela panorâmica”, o “cinemascope”, os sons de alta fidelidade e estereofônico, melhoramentos que foram introduzidos no Cine Voga.
Em 1961, em homenagem ao proprietário falecido em 14 de outubro de 1960, o cinema passou a se chamar “Cine Cavaliere Orlandi”. Por problemas e dificuldades na manutenção, o cinema permaneceu fechado de 1983 a 1996 quando voltou às atividades no mesmo prédio, porém renovado.

O projeto de remodelação, assinado pelo designer Guilherme Salles de Campos, manteve a estrutura externa do prédio, com algumas alterações: nos espaços das janelas fechadas, que foram grafitadas cenas de filmes e personagens famosos como: Charles Chaplin, Zorro, Mazzaroppi, Mayilin Monroe, O Rei Leão, O Vento Levou, Titanic e Batmam. Internamente também foram grandes as modificações: as paredes e o piso revestidos com carpete cinza e vermelho, novas poltronas estofadas e cortinas em veludo vermelho, em convivência equilibrada com os lampiões da década de 50, o que ainda permite aos saudosistas uma grata lembrança do passado. A bomboniere na sala de entrada, o ar condicionado e o sistema de som, completaram o ar de modernidade.

Em setembro de 2006, os netos do senhor Della Maggiori Orlandi, com muito empenho e determinação, assumiram a administração do cinema. Atualmente, são duas confortáveis salas de exibição com capacidade para 269 pessoas.

Vanessa Giannellini
Para O Município