Apesar da grande difusão dos teclados e dos pianos elétricos, no contexto da música erudita – chamada popularmente de clássica – o piano acústico ainda é considerado o grande astro. Ao longo da história são diversas as obras compostas para esse instrumento, além das adaptadas do cravo. Ele é também o centro das atenções quando acompanha orquestras ou faz parte de duos ou trios com outros instrumentos como o cello ou violino.
Tocar piano com primazia, entretanto, não é simples. Além da técnica, que requer horas de estudos, é um instrumento que requer sintonia com a obra e um alto grau de interpretação que a um só tempo respeite a escrita musical e incorpore algo da alma do pianista.
Incentivar o intercâmbio musical e esta sintonia entre interpretes e obras é o objetivo principal do Prêmio Nise Obino, criado por Alexandre Veiga do Amaral com o apoio do grupo “Pianistas e Amantes do Piano”. O concurso, realizado online, recebe o nome da renomada pianista brasileira que se destacou como professora, sendo mestre de interpretes famosos como Nelson Freire.
No último mês de agosto, em sua 1ª edição, o socorrense Felipe Mello foi considerado o melhor interprete de obra de compositor brasileiro com uma de suas muitas interpretações de Villa Lobos. Felipe também ficou com o 3º lugar no geral do concurso. “Para mim foi surpresa, porque mandei sem intenção nenhuma os vídeos, ainda mais a obra brasileira.
O júri Marcelo Alvarenga me ligou e contou com detalhes como transcorreu a análise das minhas interpretações, fiquei muito feliz”, conta. Foram cinco categorias: peça barroca, sonata clássico, estudo virtuosístico, peça estrangeira e brasileira. Felipe já tinha as gravações em seu canal e enviou Prelúdio e Fuga BWW 866 de JS Bach, Etude opp25 n10 (Octaves) FF Chopin, Sonate KV 330 Mozart, Estudo o 11 Debussy “pour les arpejes composes” feitas em um estúdio paulistano e as Impressões Seresteiras – Minstrel Impressions, de Villa Lobos, interpretada e gravada aqui em Socorro no piano da Simoni Bronchini.
“Sobre a obra brasileira que foi considerada a mais significativa no concurso, o Marcelo Alvarenga disse que ela se destacou devido a minha intimidade com o discurso da obra e por ter feito uma interpretação muito próxima a dele mesmo”, explica o pianista.
As demais obras pontuaram a colocação, porém o grande destaque foi o Villa Lobos. Ele revela também que as gravações já são antigas e que hoje se considera bem mais maduro no que se refere à intimidade com as obras e interpretação.
Felipe Mello, que é mestre e doutorando em Música pela Unesp, já participou de diversos concursos e realizou recitais inclusive em Portugal. Atualmente leciona no Conservatório Musical de Socorro, além de dar aulas particulares. As gravações premiadas e outras mais podem ser ouvidas em seu canal do Youtube.