O luto é um sentimento natural e todos nós, em algum momento da vida, vamos enfrentá-lo. Além da saudade, seguir em frente pode ser, muitas vezes uma tarefa difícil. Para amparar e acolher seus associados, o Plano Assistencial Carvalho, em parceria com a psicóloga Bianca Nascimento lançaram a “Jornada do Luto”, uma série de cinco episódios que abordará diversos temas relacionados ao assunto e recebemos a profissional em uma entrevista em nossa redação. Confira:
Como surgiu a ideia de fazer uma série de vídeos sobre o luto?
A ideia foi do Felipe Picarelli, da comunicação visual do Plano Carvalho e que já é meu conhecido de longa data. Tivemos uma experiência juntos, na qual ele conheceu parte do meu trabalho como psicóloga, acredito que por isso pensou em mim para desenvolvermos este projeto juntos. Assim como todos nós, ele também já viveu o luto e eu, ao receber o convite logo me prontifiquei a abordar esse tema que trabalho há mais de vinte anos. Falar sobre o luto é importante para todos, já que em algum momento, vamos ter que enfrentar. Então, como forma de ajudar os associados nesse momento tão difícil, criamos o “Jornada do luto”, com perguntas e afirmações que ouvi dos meus pacientes em todos esses anos de psicologia clínica, atuando em hospitais – sendo a maioria no Hospital das Clínicas em São Paulo.
Como os episódios foram elaborados?
São cinco vídeos: 1- Tem um bom tempo que meu marido faleceu e eu choro quase todo dia. Isso é normal? 2- Você está vivendo um luto esperado ou um luto patológico? 3- Me sinto culpada por ter saído do luto. 4- Depois que meu ente querido se foi eu perdi o prazer pela vida. 5- Até agora não consigo acreditar que ela morreu. O episódio 1 já está no YouTube do Plano Carvalho @planocarvalho e pelo link https://www.youtube.com/watch?v=i1mQ-d-EV8M.
Sobre sua experiência com o luto. Como é lidar com um assunto tão delicado com seus pacientes?
Hoje, com mais de vinte de experiência na área, acredito que a melhor forma de lidar com o luto é somando a psicologia e a espiritualidade – isto independe da religião, estou falando da nossa relação com o que transcende a vida física, com aquilo que vem depois da morte. Mais do que lidar com a ausência e a saudade, é lidar a ideia distorcida e negativa da morte que nos aterroriza. É um processo pelo qual todos, sem exceção, vamos passar. Dar um significado para a perda pode nos ajudar a dar outro sentido a vida.
Trabalhei com inúmeros pacientes e familiares e a morte sempre foi um tabu, é como se falar do assunto atraísse a morte para perto e ninguém está preparado. Segundo Freud, o homem não consegue conceber a própria morte. Tememos deixar esse mundo e tememos a falta daqueles que amamos. E, por inúmeras vezes acontece a catastrofização, uma disfunção cognitiva, imaginamos cenários e situações ruins que nem sempre vão acontecer.
Cursei a especialização em Tanatologia, que é o estudo da morte, meu doutorado foi entrevistando famílias enlutadas e há seis anos participo de um grupo de estudo que me ajuda trabalhar o tema da morte unindo a psicologia e a espiritualidade. Daí surgiu o curso “Acordar para a Morte é Renascer para a Vida”, o qual aconteceu no meu canal do YouTube com o objetivo de ajudar as pessoas a olharem para a morte de uma maneira mais leve, serena, inclusiva e verdadeira. Na sequência lancei o curso chamado “Um caminho para a Autotransformação”, que tem como objetivo o aprimoramento pessoal, ele é aberto ao público e acontece toda quarta-feira às 20h30, tendo como referencial teórico a Psicologia Cognitiva, a Filosofia e a Espiritualidade.
Entendo que é um dever compartilharmos com as outras pessoas o que aprendemos e agrega valor as nossas vidas. O propósito do meu trabalho é ajudar as pessoas, em especial meus pacientes, a darem um significado real e profundo às suas experiências. E agora, juntamente com o Grupo Carvalho, nossa ideia com este projeto é estabelecer uma parceria na qual os associados sejam acolhidos em suas dores e orientados em suas dúvidas com informações de qualidade pautadas em anos de estudo e vivência sobre o luto.
Qual o conselho para aliviar a dor da perda de alguém querido?
Meu conselho como psicóloga é que você não minimize e nem negligencie sua dor, pois, futuramente, poderá pagar um preço alto com sua saúde mental prejudicada. A base para um bom trabalho psicoterapêutico envolve a reestruturação de uma rotina de cuidados com a alimentação, o sono e manter-se ativo fisicamente. Claro que durante a vivência de um luto, um dia ou outro não estaremos bem e vai acontecer de deixarmos compromissos e o autocuidado de lado, mas isso não pode ser a regra. Se a tristeza e a falta de vontade forem intensas e frequentes nos seus dias, é importante buscar ajuda profissional especializada, além do apoio dos familiares, pois são pilares fundamentais para seguir em frente.
Algo mais?
Convido vocês para acompanharem os vídeos no canal do Youtube @planocarvalho e a participarem do meu curso “Um Caminho para a Autotransformação”, maiores informações estão disponíveis no meu Instagram @biancanascimento.psi.