“Eu os declaro: casados!” essa frase faz parte da vida do advogado Diderot Camargo Filho, desde muito cedo quando decidiu seguir a carreira de juiz de paz. Para que um casamento civil aconteça, algumas figuras são principais: e não são apenas os noivos. O juiz de paz é o responsável por oficializar o casamento nos cartórios, além de verificar os procedimentos e documentos relativos à habilitação para que a união aconteça perante a lei.

Nesse aspecto, em Socorro, muito difícil quem não conheça o Diderot! Em entrevista em nossa redação, ele relembra sua trajetória e casos mais marcantes nesses anos com a missão de unir os casais.

Oficialmente, ele está há 25 anos na função, mas tudo teve início bem antes! Diderot foi juramentado como escrevente em 1967, no Cartório da Corregedoria Permanente do Estado de São Paulo. Foi em 5 de julho de 1969, data que celebrou seu primeiro casamento. E nunca mais parou! Hoje, aos 77 anos, ele segue realizando o sonho dos casais seguirem a vida juntos.

Embora já sejam mais de 4000 celebrações, para Diderot, cada cerimônia é única! “Acredito que sou um juiz de paz recordista. Já celebrei 4.235 casamentos civis em Socorro. Lembro de outros colegas de profissão como o Alfredo Ferraguti, que chegou a 1.700 casamentos; outros não tenho números, vieram antes: Tito, João Zucato, Dirceu Verzani e Adilson Comito”.

Situações inusitadas foram diversas como ser surpreendido por uma cobra, no meio da cerimônia, no Pico da Cascavel. Outra, foi celebrar uma união online com procuração, já que os noivos estavam fora do país. Teve também casos em que noivos tentaram “fazer graça” na hora do sim; noivo que pediu para se casar à 00h01; casais que se separam, voltam e casam novamente e também aqueles que se casam três vezes com parceiros diferentes… A lista é grande!

Diderot já chegou a celebrar trinta casamentos em um único mês. Hoje, a média fica entre cinco e dez. Dos casos marcantes, está a primeira celebração de união homoafetiva e uma outra em que o noivo faleceu horas depois. “Nenhum casamento é
igual ao outro. Procuro trazer na cerimônia algo natural e que agrade a todos. É gratificante fazer a união legal dos noivos e
reunir famílias”.

Das atribuições judiciais, Diderot cita as principais mudanças ao longo dos anos: “Hoje não se fala muito no juiz de paz; mas,
antigamente, por exemplo, era uma autoridade na falta do delegado de Polícia. Nos tempos modernos, pela variedade nos
modelos de casamentos, nem sempre o juiz de paz é o celebrante”.

Como é feita a escolha de um juiz de paz?

Diderot explica que a nomeação de um juiz de paz é feita pelo cartório, que depois será submetida ao juiz. Depois, é feita a homologação para a Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo. Na vacância de um juiz de paz, haverá eleição nos moldes tradicionais da política, porém torna-se quase impossível, pois é o suplente quem assume.

O suplente de Diderot é César Augusto de Oliveira, mas, como finaliza ele: “Não dou muito trabalho para ele; pretendo fazer
casamentos enquanto estiver vivo. Cumpro com a lei e acredito que todos devem usufruir de seus direitos”. Parabéns para o nosso juiz, e que venham mais uniões!