A Diocese de Bragança Paulista divulgou, em outubro, uma lista de transferências entre os padres da região. O padre Francisco Gilson, que assumiu a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em 2019, será transferido para a reitoria do Seminário Diocesano de Filosofia e Teologia, em Campinas, no próximo ano. Assume em seu lugar o padre Luciano Alves dos Reis, o atual reitor do Seminário Propedêutico São João Paulo II, de Bragança Paulista. Em entrevista, Francisco Gilson relembra suas principais obras em Socorro e deixa um recado para os fiéis. Acompanhe:

Foram quantos anos de trabalho em Socorro? Pode fazer um breve relato de sua passagem aqui?
Se considerarmos o mês de dezembro, serão três anos e sete meses. Cheguei a Socorro a 1 de maio de 2019, e fui empossado pároco aos 24 dias do mesmo mês. Nesse tempo, tenho a consciência tranquila por ter trabalhado com afinco, amor e dedicação pelo bem da Igreja. Traçamos alguns projetos, entre os quais destaco: a implementação do Sistema de Prevenção contra Incêndio, do qual obtivemos o AVCB, até então inexistente nos prédios Tenda e Betel, ao lado da igreja; o início das obras de restauração da Igreja Matriz, como já foi publicado nesse meio anteriormente; a reforma do Salão Paroquial, para o qual, inclusive, as telhas já foram compradas, cabendo futuramente a execução do projeto; a criação de uma Área Pastoral, a fim de que ali se desenvolva um trabalho mais efetivo e voltado para a ereção de uma nova paróquia em Socorro, a ser desmembrada desta. Note-se que esse é um projeto a médio ou longo prazo, que só depende do engajamento e luta
de todos os envolvidos.

Mas, o que julgo mais frutuoso de trabalho que aqui pude desempenhar são duas riquezas espirituais valiosíssimas: primeiro o Apostolado dos Coroinhas e Acólitos. Quando cheguei, havia um pequeno grupo, que não passava de uma dúzia. Mas, ao longo do tempo, esse grupo foi crescendo e hoje é bastante expressivo. Até um coral de coroinhas surgiu em nossa comunidade. Que riqueza! Encanta-me ver nossos pequeninhos servindo ao Senhor.

E, por fim, destaco a Dedicação da Igreja Matriz. Naquela ocasião, fizemos o 1º Cenáculo de Adoração ao Santíssimo Sacramento: 24 horas ininterruptas, durante sete dias, adorando ao Senhor. Não há demônio que resista a uma comunidade que dobra os joelhos para adorar ao Senhor. Não significa que aquele não atenta, como atentou ao próprio Cristo no deserto. Significa apenas que o Tentador não pode resistir aos joelhos dobrados em oração. E assim, ao término daquele 1º Cenáculo de Adoração, nosso Bispo diocesano veio a Socorro e celebrou solenemente a Dedicação da Igreja. Um templo dedicado é, simplesmente, um lugar onde os fiéis podem invocar mais frutuosamente as bênçãos do Senhor.

Já tem data para a posse?
A Cerimônia de Posse no seminário é muito simples, consiste apenas na Profissão de Fé e juramento de Fidelidade. Não há,
como na posse de um novo pároco, uma celebração em especial.

Qual sua mensagem para os fiéis socorrenses?
Algumas pessoas expressaram certa tristeza pela minha partida. Disseram-me: “Mas tão cedo, padre? E os nossos projetos?”,
“Vamos ter que começar tudo de novo!”. Quero agradecer ao carinho de muitos. No curso da minha vida e do meu ministério, aprendi que não vivemos na Igreja para fazer nossa vontade, mas a vontade do Senhor a quem servimos. Então, essa é uma primeira mensagem que eu gostaria de deixar: empenhemo-nos em fazer a vontade de Deus. Quando fui ordenado diácono, aos 19 dias de março do ano do 2014, escolhi como lema: “Eis que eu vim para fazer a tua vontade” (Hb 10,9). E
isso tenho procurado praticar.

Um segundo ensinamento que quero deixar é o que aprendi com São Paulo, na Primeira Carta aos Coríntios: “Eu plantei; Apolo regou, mas é Deus quem fazia crescer. Assim, pois, aquele que planta, nada é; aquele que rega, nada é; mas importa somente Deus, que dá o crescimento” (1Cor 3,6-7). Por isso, não se preocupem com os projetos que fizemos para nossa paróquia: eu só plantei, outros hão de regar, mas quem fará tudo acontecer mesmo é Deus, e no tempo Dele. E por isso, exorto aos irmãos que não fiquem aprisionados a ninguém, nem a mim, tampouco a nenhum padre do passado: nós nada somos. Somente Deus é!

Quem se aprisiona na noite, não vê o lindo desabrochar de um novo dia. Estou certo de que somente permitindo o novo, desprendendo-se de um passado que pode até ter sido frutífero à sua época, mas obsoleto ao hoje, é que viveremos e veremos um novo e belo amanhecer.