O aparecimento de cobras cascavéis tem deixado em alerta muito morador da zona rural. Entre eles, a professora Inês Santos, do Bairro Moquem. “A incidência está muito alta. Um vizinho aqui, deixou de levar suas crianças na roça, agora nas férias, pois todo dia achava uma cascavel, até que chegou no ápice de achar 8 num único dia”, diz ela.

A moradora lamenta um acidente que teve há 15 dias na sua casa, quando não conseguiu salvar sua gata, picada pela cobra. “É complicado passar por isso todo ano. A gente precisava de um respaldo e ter acesso mais fácil ao soro antiofídico, numa emergência”, lamenta ela, que não teve tempo de aplicar o soro no seu animal.

Entramos em contato com Marcos A. Ribeiro Jr, biólogo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que nos prestou diversos esclarecimentos. Acompanhe, na íntegra:

A cascavel (Crotalus durissus) é uma serpente peçonhenta pertencente à família Viperidae, sendo uma espécie nativa do Brasil e, portanto, protegida por lei. A espécie é responsável por cerca de 7,5% dos acidentes ofídicos notificados, com uma taxa de letalidade de aproximadamente 2%.

Tem ampla distribuição geográfica, ocorrendo em ambientes abertos como campos, áreas secas, arenosas e/ou pedregosas e cerrados. É considerada uma espécie oportunista, se aproveitando das alterações promovidas pelo homem nos ambientes naturais, que criam condições ideais para a expansão das suas populações em ambientes até então não ocupados pela espécie.

Apresentam maior atividade nos períodos mais quentes do ano, nos quais a abundância de presas é maior sendo, por isso, mais frequentemente avistadas nesses períodos. Por serem animais ectotérmicos (que dependem de fontes externas de calor), acabam se aproximando dos ambientes construídos como por exemplo em loteamentos irregulares inseridos em áreas rurais, nos períodos crepuscular e noturno, para captar o calor emanado pelas construções ou são atraídos até estas em busca de presas como camundongos e ratos, que por sua vez são atraídos pelos restos de alimentos, rações, grãos e/ou lixo doméstico mal acondicionados ou por amontoados de produtos inservíveis.

O que fazer?
Diante da presença do animal recomenda-se não matá-lo sob pena de crime ambiental, não manuseá-lo, mantendo distância segura dele, isolando-o de pessoas e/ou animais domésticos.

Deve-se buscar auxílio junto aos órgãos de competência como a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável ou a Guarda Civil Municipal para o manejo seguro do animal.

A imobilidade é um mecanismo de defesa, pois o animal apresenta coloração que se confunde com a do ambiente e tenta se passar imperceptível na presença de humanos ou predadores.

O bote é uma forma de defesa do animal, quando este se sente ameaçado, sendo que a maioria dos acidentes poderiam ser evitados pelo uso de equipamentos de proteção como luvas de couro ou calçados.

Em caso de acidentes deve-se buscar atendimento médico-hospitalar, onde será avaliado o quadro clínico do acidentado e iniciado o tratamento soroterápico adequado.

A presença de serpentes no entorno dos imóveis não deve ser considerada como algo negativo, pelo contrário. São indutoras do equilíbrio ambiental, pois se alimentam principalmente de roedores, controlando suas populações e contribuindo para a diminuição de doenças e/ou a ocorrência de pragas agrícolas.

A grande maioria das espécies (cerca de 90%) são consideradas não peçonhentas e, portanto, inofensivas podendo conviver harmonicamente com o homem.