Recentemente, recebemos um pedido mais que especial: o colecionador de jornais João Renato Amorim, de 28, da cidade de Arujá entrou em contato com O Município pedindo o envio de nossa edição especial de 100 anos. Missão dada, missão cumprida! Aproveitamos a oportunidade e apresentamos a história do jornalista com sua coleção. Confira:
Como é sua coleção? Atualmente conta com quantos jornais especiais?
Essa coleção começou de forma curiosa. Em 2013, tinha falecido o então diretor do Estadão, o Ruy Mesquita. No dia seguinte, eu passei em frente a uma banca e vi a capa de página inteira sobre o ocorrido, incluindo um caderno especial que o homenageava. Tinha de ir a um comércio próximo e demorei para ser atendido. Para acabar com o tédio comprei a edição do Estadão. Minha sensação foi de deslumbramento com o caderno especial sobre o Ruy, pois contava parte da história do jornal.
Porém, ela começou, para valer, por volta de 2015. Saíram uma série de edições de aniversário de vários jornais em sequência. Diário de São Paulo, O Globo e até mesmo do próprio Estadão. De lá para cá, eu nunca mais parei de colecionar esses especiais.
No momento, tenho mais de 70 edições especiais de 61 jornais de 16 estados do Brasil e do Distrito Federal. Dou maior preferência às edições de 50 ou de 100 anos desses diários, pois são efemérides marcantes para qualquer empresa. O objetivo principal é conseguir, pelo menos, um jornal de cada estado do Brasil.
Existem outros jornais em sua coleção? De quais temas você mais gosta de colecionar?
Digo, basicamente, que a minha coleção é dividida em quatro temas: especiais de aniversário, política, esportes e geral.
Na de política, tenho jornais das últimas disputas eleitorais, sobretudo as presidenciais e as da prefeitura da minha cidade. Além de fatos de destaque, caso do Impeachment da ex-presidente, Dilma Rousseff, em 2016.
Sendo uma das minhas grandes paixões, jornais sobre esporte tem lugar especial no acervo. Há muitos sobre as conquistas do meu time (Palmeiras) e cadernos especiais de determinados eventos esportivos (Copa do Mundo, Olimpíadas etc.).
Costumo classificar na sessão geral todos os outros jornais que não se encaixam nos três itens. Datas históricas e eventos de impacto significativo entram nesse quesito. Tenho jornais, por exemplo, do atentado em 11 de setembro de 2001, em Nova York (EUA), ou do IV Centenário da cidade de São Paulo, em 1954.
Aliás, foi um dos melhores presentes recebidos nos últimos anos, graças a um grande amigo historiador da minha cidade. E também, graças a outro amigo, ganhei jornais sobre os 450 anos de São Paulo, de 2004.
Como ‘garimpa’ as edições especiais? Tem alguma que foi mais difícil de encontrar? E qual ainda não possui, mas que deseja muito?
Consigo os jornais entrando diretamente em contato com eles e nunca sofri recusa. Disponho de arquivo com a relação das datas de fundação dos diários de todo o país e isso facilita minhas buscas.
Algumas, foram difíceis de achar. Lembro de dois casos: a Folha da Região, de Araçatuba (SP), publicou um caderno especial, quando fez 45 anos, em 2017. Entrei em contato com o jornal, mas eles diziam que isso caberia ao departamento de assinatura, devendo procurá-los. Desanimado, desisti.
Tempos depois, consegui falar com o diretor de redação, Arnon Gomes, que enviou um exemplar para mim. Outro foi a do centenário do Comércio da Franca, em 2015. Procurei a então diretora de redação, por volta de 2018, e para minha surpresa, eles ainda tinham exemplares e assim obtive uma cópia do belo caderno especial.
Qualquer edição de aniversário de qualquer jornal, anterior a 2015, é de meu interesse. Mas pelo Estadão ser um jornal marcante na minha vida, queria muito ter a edição especial do centenário, celebrado em 1975.
Pode contar mais casos interessantes envolvendo edições especiais de aniversário?
Em 2017, em pesquisa no Google, soube que um jornal tradicional de Rondônia, o Alto Madeira, acabava de completar 100 anos. Assim como o Comércio da Franca, recebi em minha casa não um, mas dois exemplares do centenário. Um tempo depois soube do fechamento do jornal. Como forma de agradecimento e despedida, mandei um texto para o pessoal de lá, além de pedir uma cópia da última edição deles. Para minha enorme surpresa, esse texto acabou saindo nele!
No ano passado, a Folha de S. Paulo completou 100 anos de vida. Eles pediram que as pessoas mandassem texto contando a relação delas com o jornal. Fiz minha parte e, quando saiu o caderno sobre o centenário, o meu foi publicado.
Já teve a oportunidade ou o convite de expor a sua coleção?
Até o presente momento, isso nunca aconteceu. Mas não seria nada mal se um convite desse tipo surgisse. Na verdade, a coleção é apenas uma iniciativa minha, resultado dessa paixão antiga que tenho pelos jornais e poucas são as pessoas que sabem disso, apesar de ter sido convidado por outros diários a contar a história por trás dela.
Há títulos de jornais que você ainda não tem e gostaria de ter?
Sim. Há títulos, alguns extintos, que ainda desejo ter um dia, seja especial de aniversário ou não. Posso citar como exemplos o Jornal do Brasil (RJ), a Gazeta Esportiva (SP) e a Última Hora (RJ), todos já fora de circulação. Não tenho, também, edições de jornais tradicionais e que ainda existem, como o Zero Hora, de Porto Alegre (RS). Tenho muitos poucos títulos internacionais e também seria bacana conseguir alguma coisa de qualquer país, não importando o idioma.
Para você, qual a importância que o jornalismo impresso ainda tem em tempos de internet?
Acho que, em síntese, o jornalismo impresso ainda é importante para fins de preservação histórica. Gosto sempre de citar uma professora de Jornalismo que disse, “imprimiu, ficou na história”.
Para entrar em contato com João Renato [email protected] ou @ joaoorenato93.